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Do calor na Europa à “gripe” alemã. Porque derretem as exportações nacionais (das malhas aos talheres)? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 25, 2023

A carta chegou a 60 trabalhadores em meados de agosto: a “crise” que atravessa o setor têxtil estará a levar à “diminuição da procura dos bens e serviços” e “obriga” à redução dos custos operacionais, logo, dos postos de trabalho. A Be Stitch, uma empresa de têxteis para o lar situada em Guimarães — e que não respondeu às perguntas colocadas pelo Observador — não prevê uma melhoria nos próximos tempos que justifique manter os empregos “cujo custo se torna demasiado oneroso em face dos resultados expectáveis”, segundo a carta divulgada pelo Bloco de Esquerda. A decisão foi, por isso, um despedimento coletivo.

Este é apenas um exemplo de uma empresa que está a sentir na pele a retração da procura externa e a contribuir para os números negativos, divulgados pelo INE e outras entidades nas últimas semanas, que dão conta de uma contração nas exportações de bens. No segundo trimestre, Portugal exportou menos 4,8% do que no mesmo trimestre de 2022; só em julho, a redução foi de 10,6%. A realidade é muito diferente entre os setores, mas no têxtil, onde a Be Stitch se inclui, as perspetivas não são positivas. Segundo o INE, só em julho, o segmento “matérias têxteis e suas obras” viu as vendas para o exterior cair 17,1%. No vestuário, a tendência também foi de quebra.

Ao Observador, fontes do setor do têxtil e do vestuário reconhecem uma contração nos últimos meses e há já quem antecipe quebras de 10% no total do ano. O número é de César Araújo, presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção (ANIVEC), que adianta que as quebras nas exportações começaram a notar-se, sobretudo, a partir de junho. Um sinal da “retração do consumo por parte das famílias“, que se intensifica. “As pessoas estão mais focadas em pagar a sua casa, há custos, a educação. O vestuário e outros componentes ficam para consumir mais tarde, não são prioridade“, reconhece. Uma “retração” que não apanhou o setor de surpresa e que se estende às geografias para onde o setor exporta — da Europa ao Canadá, EUA, Japão e Coreia do Sul.

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