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Etienne Vaessen, o guarda-redes que ficou inconsciente no RKC-Ajax e que já tinha sobrevivido a um esfaqueamento – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 2, 2023

A Eredivisie transformou-se nas últimas épocas numa Liga cada vez mais competitiva, com maior qualidade e com capacidade de colocar as equipas a níveis que depois permitem outros resultados em termos europeus, como se consegue perceber na subida a pique no ranking da UEFA. Mais: existe um número crescente de clubes do top 5 e não só a acompanhar a principal prova dos Países Baixos por ser um autêntico viveiro de jogadores mais jovens, neerlandeses ou não, com a capacidade para darem o salto para outros patamares, como aconteceu este verão com Sangaré, Xavi Simons, Kudus, Timber, Edson Álvarez, Kökçü, Reijnders ou Kerkez. No entanto, nas derradeiras semanas também tem sido falada por histórias que não se cingem só ao que se passa dentro de campo. E este sábado houve um susto que “congelou” a competição.

O Ajax, que na última jornada tinha visto a receção ao Feyenoord interrompida pelo lançamento constante de tochas por parte dos adeptos da equipa de Amesterdão para o relvado (sendo que os desacatos continuaram cá fora, contra a direção e os responsáveis de futebol pelo mau início de temporada), foi ao terreno do RKC Waalwijk realizar um encontro fundamental para estabilizar a equipa. Mais uma vez, como é tantas vezes visto na Eredivisie, foi um jogo de parada e resposta: Brobbey inaugurou o marcador (30′), Kramer empatou pouco depois (37′), Bergwijn recolocou os visitantes na frente ao intervalo de grande penalidade (43′), o RKC conseguiu de novo chegar à igualdade por Yassin Oukili (53′), Berghuis fez o 3-2 para os lanceiros quatro minutos depois (57′). A partida caminhava assim para o fim mas nunca chegou na verdade a terminar.

Depois de um lançamento que quase conseguia colocar Brian Brobbey isolado na área do RKC Waalwijk, o guarda-redes da casa foi mais rápido a sair dos postes e fez a “mancha”, sendo que nenhum dos jogadores foi a tempo de travar a marcha e houve um choque casual com o pé do avançado do Ajax a atingir a cabeça do número 1 dos visitados. A gravidade da lesão foi de forma imediata percebida por todos, incluindo a própria realização televisiva do encontro que após esse embate não mais voltou a mostrar planos da zona onde Etienne Vaessen ficara estendido. Estava inconsciente, houve uma paragem de largos minutos no jogo que depois acabou por ser suspenso pela falta de condições dos jogadores do RKC Waalwijk, viveram-se momentos de angústia e incerteza que chegaram inicialmente a colocar o neerlandês em risco de vida, tendo em conta a forma como foi reanimado em pleno relvado antes de ser retirado de maca já com consciência.

“O Etienne foi levado para o hospital. Deve ser feito um grande elogio ao pessoal médico, que seguiu o protocolo e iniciou imediatamente a reanimação. É, no imediato, assustador para os adeptos. Ele colidiu com a cabeça no pé ou no joelho do Brobbey. Eu estava com ele no balneário e a mulher dele também veio [n.dr.: ao estádio] de casa. Ela também lá estava. Os médicos fizeram o seu trabalho. O Etienne parecia acessível, mas não tinha ideia de onde estava e o que tinha acontecido”, explicou o diretor geral do RKC Waalwijk, Frank van Mosselveld, à NOS. “Estamos extremamente chocados com o incidente em campo com o nosso guarda-redes Etienne Vaessen. Podemos anunciar que, depois de um extenso conjunto de exames médicos, ele está consciente e foi transportado ao hospital para exames complementares. Desejamos muita força ao Etienne e esperamos tê-lo connosco novamente, em breve”, acrescentou o clube.

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“Passou uma noite no hospital, onde fizeram todos os exames. Por sorte não houve qualquer derrame, por isso parece ser positivo. Teve uma noite razoável e vai voltar a casa, são tudo sinais positivos. Foi aterrador o que se passou, espero não voltar a viver algo assim. Nesses momentos ficas longe do mundo. O nosso médico teve de voltar a pôr a língua dele no sítio. Quando vês uma reanimação ficas assustado e pensas de uma forma quase imediata numa paragem cardíaca. Foi um choque”, comentou este domingo Michiel Kramer, avançado do RKC Waalwijk que formou uma roda com os companheiros para que não fosse vista a assistência ao guarda-redes tal como acontecera no Euro-2020 com o dinamarquês Christian Eriksen.

As indicações desta segunda-feira confirmam aquilo que já se começava a perceber: apesar do susto, tudo aponta para que Etienne Vaessen recupere a 100%, sendo que nesta altura continua sob observação mas a repousar em casa. Ainda assim, esta não foi a primeira vez que o guarda-redes de 28 anos, que nos seniores representou apenas o RKC Waalwijk após passagens pelos modestos SAB, BSV Boeimeer e WSC, foi levado de urgência para o hospital: em 2014, quando trabalhava na loja do Mediamarkt em Breda, o jogador tinha sido esfaqueado quando tentava evitar o roubo de um iPad, como contou à ELF Voetbal.

“Nunca me esquecerei desse dia. Estava com um colega à porta como vigilante para intervir em caso de haver um roubo ou alguma outra incidência. De repente, apanharam um rapaz a roubar um iPad e saí a correr atrás dele. Queria mostrar que era corajoso, era a primeira vez em que me encontrava numa situação assim. 100 metros mais à frente consegui apanhá-lo, começámos a lutar e de repente tirou uma faca enorme. Nem senti nada nesse momento mas vi que estava muito vermelho no meu corpo, limpei a mão e voltou a ficar coberta de sangue. O rapaz fugiu de bicicleta e o meu colega disse que não estava assim tão mau mas apenas para me tranquilizar. Não sentia nada, as dores só vieram depois. Os novos jogadores às vezes perguntam o que se passou quando tiro a camisola pela cicatriz. Ainda estive cinco dias no hospital mas nenhum órgão vital foi atingido. Mentalmente vivi as consequências disso pelo menos seis meses”, contou.



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