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Banco de Portugal corta projeção para crescimento da economia – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 4, 2023

O Banco de Portugal reviu em baixa as projeções para o crescimento económico de Portugal este ano e para os anos seguintes. Face à projeção de junho — na qual estimava um crescimento de 2,7% para este ano –, o banco central, liderado por Mário Centeno, retifica o otimismo para 2,1%. Ainda assim continua acima do inscrito pelo Governo no programa de estabilidade que aponta para 1,8%, ainda que Fernando Medina, ministro das Finanças, tenha, em julho, admitido que a economia podia, mesmo, crescer ao nível projetado então pelo Banco de Portugal, de 2,7%, mas não foi feita a revisão da meta pelo Executivo (que atualização as projeções no âmbito da proposta do Orçamento do Estado para 2024, cujas linhas principais vão ser apresentadas aos partidos com assento parlamentar na sexta-feira).

O Banco de Portugal passa assim do mais otimista em relação ao crescimento do PIB (com referência à projeção de junho) para o mais pessimista (excluindo o Governo).

Segundo o Boletim Económico do Banco de Portugal, que está a ser apresentado esta quarta-feira, 4 de outubro, “após o dinamismo no início de 2023, a atividade económica terá estagnado no segundo e terceiro trimestres e deverá manter um crescimento fraco até ao final do ano”, justifica, explicando a revisão em baixa pelas exportações e pelo consumo privado (“em menor grau”) e do investimento em particular público.

Revê, em baixa, não apenas o crescimento para 2023, mas para os dois anos seguintes. Em 2024 aponta agora para um crescimento de 1,5% (contra os anteriores 2,4%), e de 2,1% em 2025 (contra os anteriores 2,3%). Ainda assim, salienta o Banco de Portugal, em 2024 e 2025 a economia portuguesa continuará a apresentar um crescimento superior ao da zona euro.

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“A revisão do crescimento em 2024 decorre maioritariamente do desempenho menos favorável da atividade ao longo de 2023 e, em menor grau, da revisão das hipóteses de enquadramento e da consideração de um perfil menos favorável das exportações no início do ano”, refere. O impacto das taxas de juro arrastam também o comportamento económico em 2024 e 2025.

A transmissão das subidas das taxas de juro de política às condições financeiras enfrentadas pelas famílias e empresas continuará a limitar a atividade em 2024 e 2025, sendo os seus efeitos parcialmente compensados pelo impacto favorável da redução gradual da inflação sobre o poder de compra das famílias, pela aceleração das entradas dos fundos da UE e pela hipótese de maior dinamismo da procura externa”.

Mário Centeno votou contra, na última reunião do BCE, a decisão de voltar a subir as taxas de juro, conforme noticiou o Observador.

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Para 2023, o Banco de Portugal reviu, também, o valor da inflação mas em alta, para estimar agora que fique nos 5,4% contra os 5,2% anteriores. O Banco de Portugal justifica a revisão em particular pela subida nos preços da energia, nomeadamente pelo aumento da cotação do petróleo.

Numa análise ao IVA Zero, o Banco de Portugal admite que o grau de redução do IVA nos preços “é uma questão empírica”. Entrou em vigor em abril, mas refletiu-se nos preços em maio. Ainda assim, acrescenta o Banco de Portugal, “na avaliação do impacto da medida é necessário ter em conta que as pressões inflacionistas a montante ― nomeadamente os preços das matérias-primas energéticas e alimentares, na produção agrícola e na indústria alimentar ― já se vinham a reduzir à data da alteração fiscal”. Mas assume-se que houve transmissão da redução do IVA nos preços.

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