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Pepê agiu para Zé Pedro deixar todos sem reação (a crónica do FC Porto-Portimonense) – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 8, 2023

O clássico com o Benfica poderia ter uma história diferente num contexto de 11×11 sem a expulsão de Fábio Cardoso, o jogo da Liga dos Campeões frente ao Barcelona poderia ter uma história diferente num contexto sem o passe de Romário Baró em cima do intervalo que valeu o único golo de Ferran Torres. Numa fase mais complicada da temporada, o FC Porto teve duas derrotas marcadas por erros individuais que acabaram por deitar por terra um trabalho coletivo que merecia mais, com exibições até globalmente mais conseguidas do que aquelas que valeram os primeiros triunfos do Campeonato. Também por isso, e em vésperas de pausa para os compromissos das seleções (com toda a importância que os treinadores conferem a essas partidas), a receção ao Portimonense chegava como um desafio maior do que a mera luta pelos três pontos após um triunfo do Benfica na Amoreira com o Estoril nos descontos que mostrou as dificuldades na Liga.

FC Porto-Portimonense. Eustáquio lançado para a segunda parte (1-0, 46′)

“Não estamos habituados a perder, duas vezes seguidas só aconteceu uma ou duas vezes nestes anos. Fizemos coisas positivas nos jogos em que perdemos mas também coisas não tão boas. A equipa está sempre a evoluir, mas há algo que temos de perceber e houve quem já falasse nisso. Tivemos 24% do tempo em vantagem no Campeonato, o que não é normal. Mesmo com a derrota, parece-me que é obrigatória essa responsabilidade de perceber o que é o FC Porto. O empenho e dedicação na responsabilidade em que há 50% da possibilidade de ganhar, é diferente da responsabilidade de um jogo onde há 100% de obrigação de ganhar. Se derem o máximo contra o Vilar de Perdizes e contra o Barcelona, estarei aqui para defendê-los. Não sentindo isso, não posso fazê-lo”, comentara Sérgio Conceição numa espécie de “aviso à navegação”.

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“O que disse no fim do jogo da Luz é que vi uma equipa com caráter e personalidade, vi jogadores que nunca jogaram um clássico a mostrar personalidade, a não se esconderem no jogo. Achei muito inteligente. Houve coisas positivas, mas o resultado não foi. Houve muita coisa positiva, nomeadamente essa boa mentalidade no jogo e que esteve também contra o Barcelona. Mais importante do que tudo é o jogo de amanhã [com o Portimonense]. Falta, às vezes, essa mentalidade, essa responsabilidade: perceber que temos de agir e ir para cima, não reagir. É com isso que eu fico chateado, mais do que um erro técnico que possa haver”, prosseguira, quase passando ao lado do erro individual de Romário Baró para olhar para o jogo coletivo.

Era esta a ideia que o técnico do FC Porto mais colocava no centro da discussão e até dos problemas: o ADN dos azuis e brancos na era Sérgio Conceição, em que os dragões entravam para “resolver” o encontro e não andavam mais a reagir a tudo o que o jogo fosse oferecendo, numa fase em que a equipa estava privada de referências como Pepe ou Marcano (que agora não contam com outros bastiões como Otávio e Uribe). “Já na antevisão frente ao Barcelona se falou de experiência. Eles perceberam o que é perder um jogo, sair de um jogo em que fizemos muitas coisa bem e fugiu-nos a vitória. Há diferença na questão de espírito. Esta nova geração pensa que fizemos as coisas muito bem, os amigos dos amigos passam uma mensagem diferente da que eu passo… Estou extremamente aziado com tudo isto, não gosto de perder. O que quero é que sintam o clube, que percebam a região que representam também. Têm de evoluir, queimar etapas e por vezes falta-lhes essa responsabilidade. Têm de construir essa mentalidade”, apontou o treinador dos portistas.

Em termos de jogo, o FC Porto subiu alguns degraus. Não deu grandes espaços ao Portimonense para criar perigo, conseguiu criar inúmeras oportunidades de golo, pecou e muito na finalização. Com isso, apesar de pela primeira vez ter chegado ao intervalo em vantagem, acabou a sofrer sem necessidade até pela expulsão de David Carmo nos dez minutos finais. E se Pepê foi o MVP com um grande jogo “manchado” pelas várias situações de golo que foi falhando, Zé Pedro voltou a mostrar que crise também pode ser uma oportunidade, justificando a primeira titularidade na equipa principal com uma exibição segura e sem erros.

Mesmo com alguns erros na zona de construção que por pouco não criaram situações de perigo na baliza de Diogo Costa, o FC Porto teve uma entrada como ainda não conseguira num jogo do Campeonato e chegou cedo à vantagem com Evanilson a corporizar aquele ditado de que à terceira é mesmo de vez: primeiro atirou forte mas muito por cima após uma grande jogada de João Mário pela direita (3′), depois tentou um remate em arco na sequência de um passe mal calculado de Carlinhos numa posição temerária mas a tentativa saiu ao lado da baliza do adiantado Vinícius (4′), a seguir fez mesmo o 1-0 recebendo uma assistência de Pepê, que entrou bem no espaço entre linhas para ganhar vantagem, e atirando com a bola a desviar ainda em Filipe Relvas antes de passar de forma caprichosa por cima do guarda-redes do Portimonense (9′). A tal entrada efetiva a agir em vez de reagir estava conseguida mas faltava ainda tudo o resto em 80 minutos.

Nem tudo continuava a ser perfeito, nomeadamente pelos passes errados na primeira fase de construção que apanhavam a equipa em movimento contrário e só não causavam mais mossa porque a equipa algarvia não ia conseguindo encontrar forma de aproveitar essas “borlas” (quando a história podia ser outra, David Carmo derrubou Carrillo para o primeiro amarelo do jogo). No entanto, e quando a bola passava essa barreira, o facto de haver um conjunto visitante demasiado baixo quase convidava os azuis a brancos a fazerem mossa na defesa contrária, com as oportunidades a sucederem-se: Taremi viu Alemão cortar a bola quando ia para a baliza após assistência de Evanilson (18′), Wendell ganhou uma segunda bola à entrada da área para o tiro de pé esquerdo defendido para canto (25′), de novo Taremi viu Vinícius a brilhar entre os postes com uma saída que voltou a manter a desvantagem mínima para o Portimonense (27′). O FC Porto continuava melhor.

Apesar dessa vantagem, que se manteve até ao intervalo naquele que foi o primeiro encontro realizado esta temporada no Dragão em que os azuis e brancos saíram na frente, os visitados enfrentavam dificuldades que muitas vezes eram criadas por culpa própria, fosse pelos passes mal medidos no corredor central, fosse pelas precipitações no último terço que inviabilizaram a equipa de criar mais oportunidades para aumentar a curta vantagem. Era nesses aspetos que Sérgio Conceição iria concentrar-se durante o descanso, sabendo também que Paulo Sérgio deveria mexer na estrutura da equipa depois de 45 minutos em que as principais unidades criativas estiveram desaparecidas e os algarvios não fizeram sequer um remate à baliza portista.

Com Eustáquio no lugar de Alan Varela após intervalo, não só pelo amarelo do argentino mas também pela falta de capacidade de arriscar os passes progressivos que queimassem linhas e colocassem a equipa numa igualdade ou superioridade numérica, o FC Porto entrou a todo o gás também no segundo tempo a testar o papel de herói de Vinícius, guarda-redes do Portimonense que travou logo a abrir o 2-0 a Pepê depois de uma assistência de Taremi (48′) e defendendo pouco depois mais uma tentativa de brasileiro sozinho na área em posição central (55′). Ainda assim, entre esse fluxo ofensivo maior dos azuis e brancos, foram os algarvios que deixaram o primeiro sinal de perigo na baliza contrária, numa transição em que Hélio Varela foi isolado na esquerda, entrou na área mas viu o remate que daria o empate travado por Diogo Costa (60′).

O segundo golo não aparecia e o Dragão fazia sentir a ansiedade com a possibilidade de empate da formação algarvia. Por isso, Sérgio Conceição lançou dois agitadores no ataque para fecharem as contas, sendo que o impacto das entradas de Iván Jaime e Galeno foi quase imediato a nível de situações criadas na área dos visitantes, com Pepê a falhar mais uma oportunidade flagrante isolado na área após cruzamento da esquerda (68′). Apesar de toda essa vertigem ofensiva, os minutos passavam e o 1-0 mantinha-se, o que fazia com que a procura pelo segundo golo tivesse também presente a defesa da vantagem mínima que assegurava o tão desejado regresso às vitórias, algo que se adensou com a expulsão por acumulação de David Carmo (83′). Contudo, a última ameaça do Portimonense acabou por ser um livre direto de Carlinhos que passou a rasar a trave, sendo que Toni Martínez ainda viu um golo invalidado por… dois centímetros (90+4′).





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