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Religião e Espiritualidade, no Centro de Portugal – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 13, 2023


Caminhos da Fé e da Espiritualidade

Conhecido como uma das mais belas obras de arquitetura gótica portuguesa e europeia, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória – ou Mosteiro da Batalha – situa-se no centro da Vila da Batalha e nasce fruto de um voto feito por D. João I à Virgem Maria, num pedido de ajuda para derrotar os castelhanos na Batalha de Aljubarrota. Depois de erguido o mosteiro, foi doado à Ordem Dominicana. Distinguido como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, em 1983, é até hoje reconhecido pela sua importância religiosa, histórica e monumental.

Já o Mosteiro de Alcobaça, como é unanimemente conhecido, tem na sua génese um outro nome: Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, a primeira e a maior igreja de estilo gótico primitivo, construída em Portugal. Reza a lenda que na origem deste Mosteiro está a promessa feita pelo primeiro Rei de Portugal, também à Virgem Maria, para que lhe fosse possível conquistar Santarém aos Mouros. A vitória aconteceu e, para além de doar as terras que se avistavam da Serra de Albardos à Ordem de Cister, D. Afonso Henriques manda erigir o Mosteiro. É também desta forma que nasce Alcobaça, uma zona até então desabitada. Património Mundial da Humanidade, pela UNESCO, desde 1989, foi construído inteiramente por monges e é nele que, hoje, podemos admirar os túmulos góticos de D. Pedro I e D. Inês de Castro, protagonistas da mais trágica e conhecida história de amor de Portugal.

Sabia que é na Nazaré que se encontra o mais antigo Santuário Mariano? Neste que é o lugar das ondas gigantes, será também aqui que poderá expressar a sua fé, ou ficar a conhecê-la, no Sítio – local de devoção à Nossa Senhora da Nazaré. É também aqui que se ergue junto ao Miradouro do Suberco, a Ermida de Nossa Senhora da Nazaré, ou Ermida da Memória, desde 1182.

Associado também à praia e a atividades náuticas, Peniche é outro dos locais que poderá surpreendê-lo pela sua diversidade. Com uma rota religiosa que passa por 11 templos abertos ao público, poderá ficar a conhecer melhor não só o concelho, como a sua história. O conhecido Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, local de culto desde o século XII, é uma das paragens obrigatórias, bem como a procissão, em sua honra, que acontece de forma anual, no terceiro domingo de outubro.

Onde também poderá visitar 11 templos diferentes, é na Covilhã. Com um património religioso de grande beleza e valor, o projeto “Rotas das Igrejas da Covilhã” pretende dar a conhecê-lo, complementando a visita às igrejas com uma visita ao seu Museu de Arte Sacra.

Fátima, o maior dos caminhos

Se é verdade que, ao longo do Centro de Portugal, são vários os locais de oração, onde é possível testemunhar exemplos de fé e espiritualidade, também é verdade que há um que transcende os próprios caminhos. E vai mais além. Conhecido como um local de peregrinação desde 1917, Fátima é hoje um dos Santuários Marianos mais importantes do mundo. Aqui, reinam o silêncio, o retiro e a espiritualidade e é ao seu encontro que, anualmente, se deslocam milhões de crentes e peregrinos – sendo que de maio a outubro, nos dias 13 de cada mês, é a altura em que mais peregrinos se encontram para percorrer os Caminhos Marianos. É neste lugar, também chamado de Cova da Iria, que o terrestre e o espiritual encontram o seu sítio em comum, oferecendo a todos os que aqui se deslocam uma paz e tranquilidade que se diz não se encontrar em mais nenhum lugar.

Caminhos de Santiago

Os Caminhos de Santiago, que cruzam o  Centro de Portugal, são cada vez mais procurados por peregrinos jacobeus, afirmando-se como uma parte crucial no trajeto que tem sido traçado pelo Turismo religioso e espiritual, em Portugal. Caminho Central, Caminho Nascente, Caminho Português do Interior e Caminho de Torres são os quatro itinerários principais, mas existem outros igualmente possíveis, como o Caminho Marítimo de Santiago, o Caminho do Oeste, a Variante de ligação entre Coimbra e Viseu e a Via da Estrela.

Em todos os caminhos, as igrejas de Santiago são marcos importantes, afirmando-se como evidências da passagem de peregrinos, bem como do acolhimento que aí recebiam. Ainda que algumas igrejas já tenham sido destruídas – como é o caso de Pinhel, Guarda, Trancoso ou Covilhã – existem algumas que ainda sobrevivem, como a de Belmonte, Évora de Alcobaça, Coimbra, Abraveses, entre outras.

Muito mais do que simples itinerários silenciosos, os Caminhos de Santiago afirmam-se como uma forma diferenciada de conhecer territórios, culturas, vivências e tradições, juntando peregrinos e habitantes locais, numa dança ardilosa entre o passado, o presente e aquilo que se quer para o futuro.

Presença judaica

Sabia que a presença judaica em Portugal antecede a fundação da nacionalidade portuguesa? É na região Centro que se encontram inúmeros vestígios da sua presença em solo português, especialmente em Belmonte, que se tornou o epicentro da Rota das Judiarias.

Em Vilar Formoso, concelho de Almeida, encontramos o Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes (o herói português que ajudou a salvar milhares de judeus que fugiam do Holocausto).
Visite o Centro Interpretativo Ephraim Bueno, em Figueira de Castelo Rodrigo, a Casa da Memória no Sabugal, o Centro de Interpretação da Cultura Judaica Isaac Cardoso, em Trancoso, a Casa da Memória da Presença Judaica e a Casa do Passal de Aristides de Sousa Mendes, em Carregal do Sal.

Se procura saber mais sobre a cultura Judaica, siga para a Covilhã, Guarda e Torres Vedras, Alenquer, Castelo Rodrigo, Castelo Branco, Celorico da Beira, Trancoso, Fornos de Algodres, Idanha-a-Nova, Linhares da Beira e Manteigas. Passe por Pinhel e Penamacor, Gouveia e Seia.
Visite também o Museu do Moinho de Papel, em Leiria, cidade onde viveu uma importante comunidade judaica e aqui se instalou uma das primeiras oficinas de impressão tipográfica da Península Ibérica. E, claro, não pode perder uma visita à Sinagoga de Tomar, situada em pleno centro histórico da cidade, também conhecida por Museu Luso-Hebraico de Abraão Zacuto.

Em Coimbra, as construções são a principal marca do passado da comunidade judaica, e o documento mais antigo que comprova a presença de judeus em território português pertence-lhe. Na cidade, o Pátio da Inquisição relata uma versão da história dos tempos da Inquisição, trazida para a linha da frente na exposição “Judeus de Coimbra: Da tolerância à perseguição – Memórias e Materialidades”.

Vai querer conhecer estas sinagogas, judiarias, museus e exposições que lhe abrem uma fascinante porta para conhecer o património e a herança desta comunidade, no Centro de Portugal.

Como vê, muitos são os caminhos que pode escolher na hora de ficar a conhecer a cultura e a religião que pintam as paisagens do Centro de Portugal. Sejam quais forem as suas crenças, há paragens obrigatórias de cortar a respiração e paisagens que, certamente, lhe ficarão para sempre na memória.

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