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O humorista tem de dizer a verdade? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 16, 2023

Reza a história que o termo podcasting foi criado pelo jornalista Ben Hammersley, em fevereiro de 2004, para se referir à “revolução sonora” que procurava conciliar a magia da rádio com as possibilidades do mundo online. Vinte anos depois, os podcasts parecem ubíquos, fazendo com que uma das grandes dificuldades dos nossos dias seja uma boa gestão do tempo por forma a conseguirmos ouvir todos os podcasts que nos interessam. Esta tarefa tornou-se ainda mais complicada, uma vez que Ricardo Araújo Pereira nos presenteou em setembro com Coisa que não edifica nem destrói, dedicado a escalpelizar as várias dimensões do humor.

Fazer podcasts humorísticos é uma escolha segura: os estudos revelam que estes se mantêm em todos os países como os mais populares – mas não foi essa a decisão do humorista português, que parece retirar mais prazer da abordagem teórica, filosófica, intelectual ao humor do que do próprio humor. Partilha, nesse sentido, a ideia de Terry Eagleton de que “saber como funciona uma piada não a sabota necessariamente, do mesmo modo que saber como funciona um poema não o destrói.” E com uma curiosidade quase infantil, dedica-se a analisar o fenómeno humorístico, fazendo-nos recordar o diagnóstico feito a Philip e a Roth (no limite sempre brumoso entre ficção e autobiografia que dá forma aos seus livros) em Engano:

“Só te dignas viver para alimentar a conversa. Para ti, até o sexo é secundário. Não é o eros que te impele… nada te impele. Apenas essa tua curiosidade infantil. Só essa tua ingenuidade deslumbrada.”

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