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e se os mortos do Sri Lanka pudessem falar? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 17, 2023


O narrador é aqui aquele nosso “eu” moralista que está sempre a sussurrar-nos ao ouvido tudo o que não fazemos mas devíamos estar a fazer, o chicote ético e moral interior que nos faz sentir sempre em falta. O uso do possessivo na segunda pessoa não é inocente neste texto, uma vez que o contador da história do segundo livro do cingalês Shehan Karunatilaka se dirige diretamente à personagem principal. E a personagem principal de As Sete Luas de Maali Almeida (Clube do Autor) é um fotojornalista de comportamentos desviantes – é descrente, joga a dinheiro, bebe muito, é catastrófico nas relações amorosas, bissexuais – que acaba de ser assassinado e que se encontra junto ao guiché caótico do purgatório.

Estamos em Colombo, na capital, e também em vários outros territórios em guerra, principalmente a Norte, do Sri Lanka de 1989. O narrador é o fantasma dentro do fantasma, que vai tentar descobrir quem o assassinou. Prémio Booker de 2022, o segundo livro de Shehan Karunatilaka é uma maravilhosa panóplia de bonecas matrioskas, tanto a nível formal como narrativo. Há muitos espíritos, sopros de vento, mortes grotescas, banalização do mal, mas há também a importância do registo, da imagem como testemunho – em nome do futuro.

A capa de “As Sete Luas de Maali Almeida”, de Shehan Karunatilaka, publicado pela Clube do Autor

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