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Mamadou Ba condenado a pagar 2.400 euros por difamar Mário Machado – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 20, 2023

Em atualização

O ativista antirracismo Mamadou Ba foi esta sexta-feira condenado a uma multa de 2.400 euros por difamar o militante nacionalista Mário Machado, num caso ligado à morte do cabo-verdiano Alcindo Monteiro em 1995. A condenação tinha sido pedida pelo Ministério Público.

Ministério Público pede pena de multa para Mamadou Ba por difamação de Mário Machado

Em causa está uma frase escrita por Mamadou Ba em 2020 na rede social X (antigo Twitter), na qual o ativista antirracismo considerou Mário Machado uma das figuras principais do homicídio de Alcindo Monteiro em 1995 no Bairro Alto.

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Alcindo Monteiro foi morto por um grupo de skinheads, que tinham saído à rua, naquela noite, para comemorar  aquele dia, a que chamam “Dia da Raça”. O jovem foi espancado e acabou por morrer na Rua Garrett. Na altura, um grupo de 11 pessoas foi julgado pela morte de Alcindo Monteiro, mas Mário Machado não estava neste grupo, tendo sido condenado a dois anos e meio de prisão pelos crimes de ofensas à integridade física por bater noutra pessoa, também no Bairro Alto.

Nas alegações finais do julgamento no Juízo Local Criminal de Lisboa, no final de setembro, a procuradora considerou que tal frase leva qualquer destinatário a entender o assistente Mário Machado como sendo assassino de Alcindo Monteiro.

Considerou ainda que Mamadou Ba, sendo conhecedor do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o caso da morte de Alcindo Monteiro, saberia que Mário Machado não foi condenado pelo homicídio do cidadão cabo-verdiano.

O advogado de Mário Machado, José Manuel Castro, corroborou a posição do MP, considerando “verdadeiramente inadmissível” que se possa defender que nem todas as pessoas, independentemente do seu passado controverso, tenham direito à honra.

A advogada de Mamadou Ba, Isabel Duarte, lembrou que Mário Machado é “um nazi e um criminoso assumido” e que interveio indiretamente na morte do cidadão cabo-verdiano, tendo antes disso participado com um bastão em várias agressões a outras pessoas de raça negra.

Desta forma, pediu a absolvição do seu cliente, defendendo que a frase “não contém elementos longe da realidade” e que a mesma resultou da atuação antirracista de Mamadou Ba nas redes sociais.

Entendeu ainda a advogada que este processo instaurado por Mário machado a Mamadou Ba foi feito de forma seletiva, pois “Mário Machado escolheu criteriosamente o seu cordeiro pascal” na figura do ativista antirracismo.

No final das alegações finais, Mamadou Ba usou da palavra para reiterar que “Mário Machado teve um papel central na promoção da violência política que esteve na origem da morte de Alcindo Monteiro e ainda continua a ter no contexto atual”.

“Ele assume-se como um combatente nacionalista, orgulhosamente filiado ao supremacismo” branco, disse Mamadou Ba, acrescentando que esta filiação à “ideologia da morte responsabiliza-o inequivocamente pelas consequências da promoção desta ideologia”.



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