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Para ser uma Ferreirinha é “preciso ser” – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 7, 2023

À lista de funções que a caracterizam, junta-se ainda, desde 2000, a de Embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA). Neste âmbito, mas não só, muitas têm sido as viagens que têm preenchido a sua vida de histórias para contar. Em cenários inimagináveis, é no meio do caos que Catarina sublinha, sem hesitar, ser possível continuar a acreditar no lado bom da humanidade. Como? “Porque vi muito mais lados bons. Em todas as viagens que já fiz, eu vi pessoas inacreditáveis a fazerem coisas inacreditáveis. E são elas que me alimentam, permanentemente, a acreditar no lado bom da vida. Vi as pessoas que são as beneficiárias, a quem falta quase tudo, praticamente tudo, a fazerem, ou a terem, atos de generosidade e de pura solidariedade incríveis. Eu tenho autoridade para dizer que, apesar de o mundo estar assim, eu continuo a acreditar. Se me desiludi? Nunca. É estranho, eu sei. Desiludo-me com o mundo. Há um retrocesso nítido nos direitos, e sobretudo nos direitos das mulheres. O Irão foi um país incrível e, neste momento, as mulheres não vão à escola. O Afeganistão, a mesma coisa. Há um retrocesso gigante porque os nossos direitos nunca estão adquiridos. E quem pensa que a democracia também está adquirida, ou a liberdade…de todo. São conceitos que nós temos de ensinar desde sempre a lutar e de forma contínua. Porque juntos somos, de facto, mais fortes”, apela.

É com esta ideia de entreajuda, empatia, união, que sobra ainda tempo para falar do local que acolheu esta conversa e que ocupa também uma grande parte da vida – e do coração – da apresentadora e ativista. “A Corações Com Coroa nasceu há 10 anos, ali na casa do Porteiro – que eu gosto de dizer da Porteira, já que é uma associação de igualdade de género – desta biblioteca, que é a biblioteca que tem o espólio feminista. Fazemos atendimento gratuito de serviço social. Temos três assistentes sociais com contrato, temos duas psicólogas, e as raparigas e mulheres são atendidas gratuitamente, quer nas consultas de psicologia, quer nas consultas de serviço social. Damos apoio jurídico em casos extremos, incluindo violência doméstica. E também damos apoio dentário. Temos uma parceria com uma clínica, a Clínica Mint, que faz um trabalho excelente. Até porque muitas das vezes nem associamos à violência doméstica, mas as primeiras coisas que acontecem é a mulher ficar sem dentes. Se ela for reerguida com apoio biopsicossocial, ou seja, com uma psicóloga e com uma assistente social, depois como é que é inserida num mercado de trabalho se não tem dentes? Ninguém a contrata. Portanto, é esta trilogia de apoios que fazemos”, começa por explicar, acrescentando: “Nós gostamos de ser um abraço. Se nós ligássemos os CCC’s todos, faríamos um grande abraço, ou vários abraços. E eu penso muitas vezes nisso. Só não os fechamos porque nós não somos fechados, temos sempre a porta aberta”.



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