Muitos acharam normal, eu não achei: o primeiro-ministro de uma democracia não chama os jornalistas para a sua residência oficial para fazer a sua defesa num caso judicial. E muito menos dá a essa defesa um cunho tão pessoal, mas mesmo tão pessoal que vai ao ponto de ter a seu lado a sua esposa (e não, não se trata meramente de uma questão de carinho).
Eu sei que a maior parte dos meus concidadãos provavelmente não considerarão este tema relevante, mas para mim é definidor, porque para mim aquilo que define uma democracia não são os seus protagonistas, ou os seus resultados, são as suas regras e as suas instituições. E as instituições, seja uma moradia em São Bento ou um Banco na Baixa de Lisboa, não existem para servir esta ou aquela maioria, existem para assegurar que a vontade presente e futura dos portugueses é ouvida e respeitada.
Este detalhe é importante, eu diria mesmo crucial: a democracia não é o império da maioria, a democracia não é o regime em que o governo da maioria pode fazer tudo o que a maioria desejar, a democracia é o regime em que está sempre assegurado que um governo hoje maioritário pode ser amanhã minoritário.
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