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Henrique Raposo e o cenário de um romance – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 18, 2023

É pouco provável que estivéssemos a falar deste livro se Henrique Raposo não fosse já conhecido de outras lides. Isto nada diz sobre o livro ou sobre o autor mas diz necessariamente alguma coisa sobre a leitura.

É certo que, num cenário de justiça ideal, só o texto devia contar; no entanto, é até chato de tão óbvio lembrar que um texto também tem o seu contexto. Da mesma maneira que seria absurdo escrever hoje um épico como se não existissem Lusíadas ou fazendo tábua rasa de toda a literatura pós quinhentista, também seria no mínimo ingénuo que o autor não contasse consigo próprio. É ridículo escrever como se não existisse uma tradição literária, apresentar como novas as convenções do romance realista ou escrever como se ignorássemos o fluxo de consciência; mas também é ridículo escrever como se ninguém nos conhecesse, como se ignorássemos a nossa própria tradição.

Ora, isso pode ser especialmente difícil quando essa “tradição pessoal” é muito marcada mas dentro de outro espectro. O estilo de Lobo Antunes é muito vincado, mas por isso mesmo não oferece grandes dificuldades quando vinca as páginas de um novo romance. Problemático é quando o estilo de um autor é muito vincado, mas dentro de um registo que obriga a modulações diferentes daquelas que o romance pede.

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