Onze pessoas acusadas de serem responsáveis pelo desabamento de um hotel, causando 72 mortes, nos sismos que abalaram a Turquia em fevereiro de 2023, matando mais de 70.000 pessoas, começaram esta quarta-feira a ser julgadas na cidade turca de Adiyaman.
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Segundo reporta a agência noticiosa espanhola EFE, acredita-se que o resultado do julgamento poderá abrir um precedente para muitos outros casos de edifícios que sucumbiram aos tremores devido a deficiências na sua construção.
No meio de uma segurança apertada, a primeira audiência do caso começou com a identificação dos arguidos, incluindo o proprietário do hotel, num tribunal de Adiyaman, capital da província homónima e que foi atingida por dois terramotos de magnitude 7,7 e 7,6 a 6 de fevereiro, informou a agência estatal Anadolu.
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Acompanhado por uma delegação de cerca de 100 pessoas, o primeiro-ministro da República Turca do Norte de Chipre, Ünal Üstel, bem como familiares das vítimas do desabamento do hotel, estão a assistir ao processo judicial.
Entre as vítimas mortais do desmoronamento do hotel Isias, de quatro estrelas, figuram 26 crianças de duas equipas de voleibol de escolas do Norte de Chipre, bem como um grupo de guias turísticos cipriotas turcos que se encontravam num curso de formação.
“O caso é muito importante para nós”, disse Üstel antes de entrar no tribunal e garantir que permanecerá, tal como a delegação que o acompanha, em Adiyaman até ao final do julgamento.
“Temos confiança no Supremo Tribunal da República da Turquia”, acrescentou, citado pela Anadolu.
Cinco dos 11 arguidos, incluindo o proprietário e o arquiteto do hotel, estão detidos.
Devido às enormes falhas encontradas pelos peritos no planeamento e na construção do edifício, o Ministério Público turco acusa-os de terem causado a morte de 72 pessoas por negligência, um crime pelo qual poderão ser condenados a mais de 22 anos de prisão.
Os familiares das vítimas pedem que sejam julgados por “presumível intenção” de assassínio. Os arguidos declaram-se inocentes.
Segundo um relatório oficial, mais de 35.000 edifícios ruíram completamente a 6 de fevereiro e dezenas de milhares de outros ficaram gravemente danificados.