O Estado português concluiu esta quinta-feira a primeira emissão de dívida de longo prazo deste ano, aproveitando a recente redução dos juros nos mercados de dívida pública europeia. As obrigações do Tesouro foram absorvidas pelos investidores com forte procura e uma rendibilidade inferior a 3%, o que fica abaixo daquilo que vinha sendo pago nas últimas operações de financiamento comparáveis.
Esta foi a primeira emissão de dívida do ano e, tal como é habitual na primeira operação do ano, não foi um leilão de obrigações do Tesouro mas, sim, uma operação sindicada. Numa operação deste tipo, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) contrata um conjunto de bancos internacionais que se encarregam de colocar os títulos junto de investidores como fundos de pensões, fundos de investimento, seguradoras, banco e bancos centrais.
Segundo a agência Bloomberg, os investidores que subscreveram os títulos vão receber uma rentabilidade de 40 pontos-base acima da taxa de referência no euro (swap), que neste momento ronda os 2,548%). Ou seja, trata-se de uma rentabilidade anual de 2,948% até à maturidade, em 2034. Os investidores vão em 2034 receber o valor investido e, ao longo dos próximos 10 anos, vão receber juros – é a partir destes dados que se calcula a rendibilidade (anual) de 2,948%.
Em setembro o IGCP tinha feito um leilão de obrigações com prazo ligeiramente mais longo (2035) mas o custo suportado foi substancialmente superior: 3,632%. E, nessa mesma altura, também foi colocada dívida com maturidade inferior (2032) com uma taxa de juro superior à suportada esta quinta-feira: 3,383%.
Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, salienta que “a emissão teve uma forte procura, com o livro de ordens a superar os 19,4 mil milhões para uma emissão de quatro mil milhões”. “A descida das taxas de juro que assistimos nas últimas semanas, permitiram que a emissão fosse colocada com uma yield [rentabilidade] mais baixa”, acrescenta o especialista.