O secretário-geral do PCP pediu esta sexta-feira a quem se sente “justamente injustiçado e traído” que não vote no Chega, porque vai “continuar a política de direita”, mas antes na CDU, que alia o protesto à vontade de “construir uma alternativa”.
Em declarações aos jornalistas no bairro da Cova da Moura, em Lisboa, Paulo Raimundo foi questionado sobre umas declarações que fez em dezembro a um site do partido nas quais defendeu que o voto no Chega “seria bem melhor empregue” na CDU, uma “força de protesto”, mas também “de esperança e de abrir um caminho novo”.
Na resposta, Paulo Raimundo salientou que, nessas declarações, quis afirmar a ideia de que “há muita gente justamente indignada, que se sente traída, injustiçada, porque de facto as políticas não correspondem às suas necessidades”, que pretende dar o seu voto “a uma força que fala muito, esbraceja muito”, mas, na prática, quer “continuar e acentuar a política de direita que está em curso”.
Esse é que é o grande problema. Essas pessoas que estão justamente indignadas, frustradas, que se sentem traídas, a única forma de o seu voto ter utilidade é votar no PCP e na CDU, porque ele alia o voto de protesto, de indignação e o voto de construção de alternativa, que é isso que o país precisa”, defendeu.
Questionado se teme que possa haver eleitores do PCP a votar no Chega, Paulo Raimundo respondeu que o que quis dizer com as suas declarações foi alertar que, quem se sente injustiçado, não deve depositar “esse voto errado no Chega”.
“Votem em nós, porque é um voto de protesto consequente e, acima de tudo, um voto de esperança e que abre um caminho de futuro que a gente precisa para a vida de cada um”, defendeu.
Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi também questionado sobre a notícia, divulgada pelo Observador, de que o primeiro-ministro, António Costa, é suspeito do crime de prevaricação, tendo respondido que não pretende comentar o processo, porque “está em curso”.
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“Nós queremos é que rapidamente seja esclarecido, é do interesse de todos: do primeiro-ministro em funções, da sociedade. Isso é que é importante: que rapidamente se esclareça”, disse.
Interrogado se acha que esta notícia vai ensombrar o Congresso do PS, que começa hoje, Paulo Raimundo disse que não quer “alimentar a ideia de que há uma gestão política dos processos”.
Já sobre a sua deslocação à Cova da Moura, onde visitou a associação Moinho da Juventude e esteve acompanhado do ex-líder parlamentar do PCP e cabeça de lista da CDU às europeias, João Oliveira, Paulo Raimundo referiu que é um bairro onde as pessoas são, no fundamental, “gente que trabalha, que sai de madrugada de casa para ir limpar as casas, para a construção civil”.
Toda a gente trabalhadora merece e ambiciona uma vida melhor, uma vida justa, a que tem direito, e isso tem de ser correspondido, do ponto de vista prático”, defendeu.
Para Paulo Raimundo, se toda a gente “tem direito e ambiciona uma vida melhor”, isso “obriga a salários, a respeito pelos direitos dos trabalhadores, ao acesso à saúde, à habitação, às questões básicas do dia-a-dia”.
“Se todos têm justamente essa ambição, quem vive em situações mais precárias, ainda tem mais razões para isso”, disse.