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Desejar felicidade aos outros – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jan 7, 2024

Desde que 2024 começou já perdoei algumas pessoas por desejarem que fosse feliz. Haverá desejo mais satanicamente ambíguo do que o da felicidade? Talvez o desejo de felicidade moderno tenha substituído o velhinho pedido pela bênção. Ser feliz soa certamente menos pesado do que ser abençoado, especialmente numa terra e num tempo em que estas categorias religiosas caíram em desuso.

Há uns tempos vi um programa de televisão em que os concorrentes eram colocados aos pares em lugares paradisíacos. Já se está mesmo a ver o objectivo em causa naquela competição: os concorrentes tinham de ver se conseguiam ser acasaladamente felizes. Em função do sucesso combinado que atingissem, ganhavam ou perdiam. No que era visto como a possibilidade de um sonho, eu só vi uma tremenda punição: já não bastava a pressão para ser feliz (e em dupla), ela era também uma competição televisivamente transmitida.

Num dos episódios, um dos concorrentes recebia a carta de um familiar, lá longe na normalidade não-paradisíaca e não-televisivamente-transmitida. Esse familiar desejava ao concorrente que “fosse feliz e atingisse todos os objectivos a que se tinha proposto”. O concorrente leu e chorou, aparentemente tocado pela beleza das palavras que recebera. Mas, novamente, no que ele lera bênção, eu só consegui perceber maldição: haverá destino mais perigoso do que atingirmos tudo o que desejamos?

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