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Pedro Nuno nas entrelinhas. Nova era com projeto anti-liberal e medidas a corrigir falhas do legado – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jan 7, 2024

Esse capítulo está prestes a ser encerrado. Agora, é a nossa vez de iniciar uma nova etapa. E é sobre nós que recai a enorme responsabilidade de escrever um novo capítulo no livro da governação do PS e do desenvolvimento do nosso país”

Com a defesa do legado de António Costa feito já na intervenção de sábado, Pedro Nuno Santos avançou quase diretamente para a sua nova era e não teve meias palavras em declarar — já o tinha feito naquele mesmo palco — que agora é a sua vez. A Costa concede o título de ter escrito “um capítulo inteiro, recheado de avanços” na “história da democracia”. Mas isso agora é passado.

Talvez por não termos vivido num tempo passado em que nada disto existia, possamos esquecer que a democracia e o Estado Social são as maiores construções coletivas que fomos capazes de erguer, e que as vejamos como conquistas irreversíveis. Mas não são. Nada o é. Os exemplos de movimentos antidemocráticos são visíveis em todo o mundo e já chegaram à Europa”

Pedro Nuno Santos é o primeiro líder do PS que nasceu depois do 25 de Abril e isso não é irrelevante para a mudança geracional que se coloca no PS. António Costa fez, aliás, questão de frisar isso mesmo no seu discurso de despedida, elencando datas históricas e a idade de Pedro Nuno, 46 anos, quando aconteceram (nasceu no ano em que Mário Soares e Medeiros Ferreira pediram a adesão à CEE e tornou-se maior de idade quando António Guterres formou o seu primeiro Governo). A ideia é frisar que Pedro Nuno tem presente todo o legado que essa história, assim como a memória de Abril, lhe trazem e que chega para lhes dar “continuidade”, ainda que prometa trazer consigo um “novo impulso”. O projeto de Pedro Nuno sempre foi, aliás, um projeto geracional, de uma camada socialista que cresceu consigo nas hostes da JS e que aderiu à visão (mais à esquerda) que atravessa o pedronunismo. O novo líder aproveita ainda para agitar mais uma vez o papão dos “movimentos antidemocráticos”, que em Portugal o PS assegura serem representados pelo Chega e até contaminarem o discurso da direita tradicional – essa antagonização será um eixo essencial da campanha socialista para as próximas eleições legislativas.

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