Depois de uma longa e intensa greve de atores e guionistas nos Estados Unidos da América em 2023, que ditou a paragem da indústria, temeu-se sobre o que aconteceria no ano seguinte. Quer nas produções, quer nas cerimónias. A 81ª edição dos Globos de Ouro, que decorreu esta madrugada em Los Angeles, é, como sempre, um dos primeiros grandes evento do ano de cinema e televisão. E se é verdade que esta cerimónia costuma ser bastante mais justa no que diz respeito à relação entre a qualidade cinematográfica e os nomeados que acabam a ganhar, esta edição provou que nem mesmo resultados alucinantes de bilheteira são capazes de colocar um Globo de Ouro na estante. O filme Barbie, de Greta Gerwing, fenómeno pop que arrecadou mais de mil milhões de dólares no mundo inteiro no ano passado, começou com nove nomeações, mas acabou derrotada. Oppenheimer, de Christopher Nolan, na categoria de Melhor Filme Dramático e de Melhor Realizador. Poor Things venceu na categoria Comédia ou Musical. Anatomia de uma Queda, de Justine Triet, vencedor em Cannes, conseguiu o prémio para Argumento e Melhor Filme Estrangeiro, ficando para Barbie apenas o novo galardão: o de “box office”, que soube a consolação.
Já na televisão, Succession, que se despediu do pequeno ecrã na derradeira e última quarta temporada, teve o adeus merecido com boa parte do elenco premiado — mais o globo para Melhor Série Dramática — e The Bear, que entrou no número de quase todos os tops internacionais, destronou a concorrência na categoria “Musical ou Comédia”.
Há muito que se discute o formato deste tipo de cerimónias e esta edição pode muito bem ter acentuado a sistemática perda de audiência. O apresentador convidado, o comediante Jo Koy, que garantiu ter recebido o convite dez dias antes da cerimónia, nunca foi capaz de ser relevante durante o espectáculo. Logo no seu monólogo inicial, depois das reações mais frias a algumas das suas piadas, disse que algum do seu texto nem tinha sido escrito por ele. “Queriam um monólogo perfeito? Recebi o convite há dez dias. Calem-se, estão a brincar comigo? Tenham calma. Escrevi algumas piadas, outras não, e as que vos fazem rir fui eu”. Quando é o protagonista a agoirar e não as redes sociais primeiro, está tudo dito.
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