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Quando teve o encontro com representantes das Casas do FC Porto, Pinto da Costa, presidente dos azuis e brancos que pode ser candidato à liderança do clube pela 16.ª vez, deixou o primeiro sinal de que o momento de avançar estaria próximo. “Tenho a certeza de que vou sair daqui com mais vontade de servir o FC Porto, tenho a certeza de que vocês vão estar cada vez mais a amar o FC Porto e tenho a certeza de que vamos todos provar que o FC Porto é um clube do mundo. Vamos todos estar presentes nessa linda terra para mostrar ao mundo e aos portugueses o que é ser dragão, o que é sentir o FC Porto, o que é estarmos juntos. É como se estivesse a falar para os meus irmãos, é como se estivesse a falar de coração aberto, agradeço que tenham vindo cá”, atirou em discurso no encontro promovido na semana passada nas Caldas da Rainha.
Não foi propriamente desfazer um tabu mas pelo menos deixou um sinal. Mais um sinal. E os excertos que já foram conhecidos do programa “Primeira Pessoa” com Fátima Campos Ferreira na RTP, que deverá passar na íntegra mais para o final do mês, deram outro passo nesse sentido já tendo como contexto aquele que se afigura como principal rival no próximo sufrágio: André Villas-Boas. “Então os nossos inimigos é que apoiam um candidato para o meu clube? Aqui há gato… Mesmo gostando de animais, desse tipo de gatos não gosto. Isso pode ser um argumento para eu tomar decisão diferente daquela que eu acho que, para mim, era a melhor”, adiantou. Sem dizer diretamente, foi quase como se Pinto da Costa admitisse que até poderia não avançar com nova recandidatura mas que, perante o atual cenário, estaria tentado. Agora, num jantar organizado pela Comissão de Apoio à Recandidatura, poderia ter o último “empurrão” nesse sentido.
A apresentação de Villas-Boas na véspera, essa, não terá passado ao lado de ninguém no universo azul e branco. Pelo impacto que teve, pelo que defendeu sem nunca beliscar aquilo que é o legado do atual líder ao longo de 42 anos, pelas presenças com que contou. Uma delas, Cecília Pedroto, assumiu uma simbologia especial. “José Maria Pedroto recebeu o Dragão de Ouro em 1999 e não em 1986, como seria justo e expectável. Uma mágoa que me irá acompanhar até ao dia da minha partida. Faleceu em 7 de janeiro de 1985. A atribuição do Dragão de Ouro é um dos momentos altos do calendário anual do clube. A primeira cerimónia decorreu no dia 17 de janeiro de 1986, relativa à época 1984/85, que deixou marcas na história: o FC Porto foi campeão nacional de futebol e de hóquei em patins, ‘calçou’ a segunda Bota de Ouro, venceu a Taça do Mundo de Estrada… Um começo inspirador, que teve o expoente na gala que decorreu no Hotel Infante Sagres”, escreveu esta quinta-feira a viúva de um dos maiores nomes da história do clube.
Alheios a tudo isso, os apoiantes de Pinto da Costa mobilizaram-se em peso em Fânzeres, Gondomar, e até a chegada do presidente do FC Porto teve direito a foguetes e música, quase dando o mote para o convidado principal da noite. “É uma tradição de há muitos anos este jantar, que costuma ser no Natal. Este ano, por causa de um acidente, foi adiado e realiza-se hoje. Mas venho aqui com o espírito de sempre, com a gratidão de todos os anos. Quero agradecer a todos mas em especial a Fernando Cerqueira, a Mário Gorgal e a todos vós. É um prazer enorme rever-vos aqui. Estão aqui amigos do dia a dia. O doutor Martins Soares é um portista de muitos anos, um portista de coração e tive-o como adversário em dois atos eleitorais, em que foi de correção e lisura cada vez mais raros e exemplares. A presença merece o meu agradecimento especial”, começou por dizer no discurso final, recordando a figura com quem foi a eleições em 1988 e 1991.
“O momento do FC Porto é um momento de pujança. Eu não gosto nada quando falam em agradecimento aos meus quase 42 anos de presidente e aos meus 60 anos de dirigente. O passado, como dizia Newton, é absoluto. Einstein dizia que era relativo. Tempo é relativo mas o tempo do FC Porto não é passado, nem é relativo. É eterno. Todos os que tiveram algum dia a honra de poder servir o FC Porto, não têm nada que ser louvados nem merecer agradecimentos. É uma honra para qualquer um servir o FC Porto. Eu servi como chefe de secções, diretor de atividades amadoras, diretor de futebol e sirvo agora como presidente da Direção por delegação vossa. Faço-o com muita honra”, destacou, entre muitos aplausos à mistura.
“Recordo o passado mas não vivo do passado. Passado é para a história. Temos que olhar para o presente e o futuro. O presente do FC Porto é pujante. Desportivamente diria que é brilhante. Estamos a disputar títulos em todas as modalidades que praticamos. Tive a honra nestes quase 42 anos, até outubro, que foi a última contabilização que recebi, de o FC Porto vencer 2.550 títulos nas modalidades que pratica. No futebol, foram 68, sete dos quais internacionais”, voltou a frisar em relação ao currículo desportivo, falando também sobre três pontos que teriam de estar cumpridos para pensar na recandidatura: “Ver a equipa nos oitavos da Champions, ter as contas positivas e ter a academia pronta para arrancar e ser uma realidade”.