Paulo Portas será um dos convidados de honra da convecção da Aliança Democrática que se realiza este domingo, no Estoril. O Observador sabe que o antigo vice-primeiro-ministro e ex-líder do CDS deverá fazer uma (rara) intervenção de fundo sobre o momento atual do país e sobre os desafios eleitorais que se colocam no horizonte. A presença de Carlos Moedas também é aguardada com muita expectativa. Em contrapartida, Pedro Passos Coelho não irá ao encontro.
O antigo líder do CDS tem estado particularmente ativo no relançamento do CDS. No início de setembro, Nuno Melo já tinha conseguido juntar Paulo Portas, Manuel Monteiro e Assunção Cristas na rentrée do partido, no Largo do Caldas, em Lisboa. Desde aí, antigo vice-primeiro-ministro foi um dos mais empenhados na construção da coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS que vai a votos nas próximas legislativas.
No final de novembro, Portas participou no encontro à porta fechada organizado por Nuno Melo e que juntou na sede do partido figuras como Manuel Monteiro, Cecília Meireles, Assunção Cristas, Mota Soares, Telmo Correia, Diogo Feio, Nuno Magalhães, João Almeida ou Adolfo Mesquita Nunes. Terá saído dessa reunião — conduzida essencialmente por Portas — a receita para qualquer aliança com o PSD: disponíveis, mas não obcecados. Dias depois, Montenegro e Melo acabariam mesmo por fechar o acordo.
Segundo apurou o Observador, a participação de Pedro Passos Coelho não é esperada. O antigo primeiro-ministro pretende manter-se afastado e a relação com Luís Montenegro está muito longe de estar normalizada. Inicialmente, na primeira Festa do Pontal de Montenegro, Passos apareceu em público a abençoar o seu sucessor, mas, desde aí, as coisas pioraram entre os dois.
Na sua última aparição pública, a 19 de dezembro, Passos cumpriu o guião que tinha definido: saiu de cena (“este tempo não me pertence”), apontou diretamente a António Costa (“apresentou a demissão por indecente e má figura”) e manifestou apoio ao PSD (sem grande foguetório). Aliás, o mais longe que o antigo primeiro-ministro se permitiu a ir foi para dizer que esperava que o PSD pudesse “estar preparado para os tempos que aí vêm” e que pudesse “ser o partido liderante nessa fase nova que se vai abrir” — Passos não quis deliberadamente fazer um elogio público ao atual presidente do PSD; fez apenas os mínimos olímpicos.
Quem deve marcar presença na “Convenção por Portugal” é Carlos Moedas. O Observador sabe que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa vai estar no Estoril — tal como esteve já no congresso do PSD realizado a 25 de novembro, em Almada — precisamente para simbolizar as potencialidades eleitorais da Aliança Democrática — foi também graças a uma coligação pré-eleitoral que Moedas conseguiu derrotar Fernando Medina e pôr termo a 14 anos de governação socialista em Lisboa.
Esta é a terceira fase de afirmação da nova Aliança Democrática. Depois da formalização do acordo entre os três partidos, numa cerimónia que decorreu na Alfândega do Porto, e depois da reunião com vários economistas que serviu assumidamente para dar credibilidade às propostas da coligação, este momento servirá para tentar afirmar o projeto alternativo ao PS.
As direções dos dois partidos — Gonçalo da Câmara Pereira, do PPM, não vai discursar — estão a apostar muitas fichas na realização desta convenção. O encontro terá início às 10h30 de domingo, no Centro de Congressos do Estoril, tem inscritas mais de mil pessoas e terá vários painéis de discussão. Os nomes dos convidados serão divulgados em breve, mas é de esperar que surjam várias figuras associadas aos dois partidos e à sociedade civil. Nuno Melo e Luís Montenegro vão encerrar a convenção.
Passos sai de cena com presente armadilhado para Montenegro