Olivia Dunne nasceu e cresceu no meio do desporto. A mãe, Katherine, foi ginasta e cheerleader na universidade. O pai, David, jogou futebol americano universitário. A irmã, Julianna, praticou softball. Mas foi à prima Isabella, que fazia ginástica artística, que foi roubar o sonho. “Ela tinha um maillot cor de rosa e eu também queria um”, contou. Tão simples quanto isso.
Atualmente, a norte-americana de 21 anos que é natural de Nova Jérsia é uma das atletas universitárias mais mediáticas do país. E deu mais um passo nessa direção no último fim de semana: com uma coreografia de solo impressionante, quebrou o recorde pessoal de pontos na atual temporada e ajudou a LSU Tigers, a equipa de ginástica da Universidade do Louisiana, a vencer a Universidade do Arkansas nas finais da National Collegiate Athletic Association (NCAA) e a bater também o próprio registo pontual da história do programa.
doing what I love with the people I love!???? @LSUgym pic.twitter.com/MfVV4ThTff
— Olivia Dunne (@livvydunne) February 5, 2024
Olivia Dunne, porém, é muito mais do que uma ginasta universitária. Deu os primeiros passos da forma habitual, começando a realizar os primeiros exercícios com apenas três anos e tornando-se a mais nova de sempre a entrar no USA International Elite quanto tinha 11 anos. Deixou a escola e passou a ter aulas em casa aos 14, para se dedicar quase por inteiro à ginástica, mas tudo explodiu em 2020 e quando a pandemia apareceu. A norte-americana entrou no TikTok, a rede social que também teve um enorme boost de popularidade durante os confinamentos, e tornou-se uma verdadeira sensação.
Neste momento, é a atleta da NCAA com maior impacto nas redes sociais, tendo mais de sete milhões seguidores no TikTok e outros cinco no Instagram. Estabeleceu parcerias comerciais com várias marcas, como a BodyArmor, a American Eagle Outfitters e a Vuori, e recentemente revelou que o encaixe financeiro que faz com publicidade chega aos sete dígitos –acrescentando que uma simples publicação no Instagram pode valer-lhe 500 mil dólares. Atualmente, tem uma valorização estimada de 3,5 milhões de dólares, algo que já lhe garantiu a alcunha de “Menina de Ouro”, e no mundo do desporto universitário só fica atrás de Bronny James e Arch Manning, o filho de LeBron James e o sobrinho de Peyton Manning.
Livvy Dunne, LSU gymnast, NCAA’s highest-earning female athlete, social media sensation, and our newest SI Swim ’23 model is officially joining the pages of this year’s issue! Livvy is an absolute inspiration for other female athletes around the world and we couldn’t be more… pic.twitter.com/rxcaOH2Yp3
— Sports Illustrated Swimsuit (@SI_Swimsuit) April 27, 2023
A enorme base de fãs que segue Olivia Dunne já obrigou a LSU Tigers, a Universidade e a própria NCAA a aumentarem o nível de segurança dos eventos em que a ginasta participa. A norte-americana foi capa da revista Sports Illustrated em 2023 e voltará a sê-lo em 2024, já apareceu em anúncios nos ecrãs de Times Square e foi recentemente acusada de usar Photoshop nas fotografias que partilha nas redes sociais — um micro escândalo que não afetou em nada a influência que tem junto dos mais jovens.
Embora neste momento esteja muito ligada à ginástica universitária e afastada da USA Gymnastics, que poderia dar-lhe acesso aos Jogos Olímpicos, a verdade é que Olivia Dunne já competiu pelos Estados Unidos. Aliás, em 2017 até conquistou uma medalha de ouro em Itália, no all around de um torneio júnior, sendo que a sua especialidade são as barras assimétricas. A partir daí, porém, deixou de aceitar treinar com a USA Gymnastics — e já assumiu que parte da decisão está associada aos escândalos de abuso sexual que surgiram nos últimos anos.
The moment you’ve all been waiting for…
It’s a 9.85 for @livvydunne in her first routine this season
???? SECN+ pic.twitter.com/7z6PF7OZ2M
— LSU Gymnastics (@LSUgym) February 25, 2023
“Devia ter uns 10 anos quando comecei a perceber que podia chegar aos Jogos Olímpicos. Deixava a minha semana durante uma semana por mês para ir treinar ao USA Olympic Training Center. Mas a ginástica teve escândalos terríveis e todo aquele ambiente… Não era bom”, começou por dizer a norte-americana numa entrevista recente a um podcast, acrescentando que ficou quase desencantada com o sonho olímpico.
“Estava na equipa dos Estados Unidos e quando tinha 16 anos olhei em volta e percebi que a USA Gymnastics estava destruída. Eu estava naquele programa e pensei que queria ser saudável. Continuar na universidade, ser feliz e adorar a modalidade. É isso que me mantém na ginástica”, acrescentou, ainda que não rejeite por completo a possibilidade de mudar de ideias.