O ano de 2023 terminou como o mais quente de que há registo e deixou uma sucessão de recordes climáticos, entre eles a primeira vez em que a temperatura média global esteve, durante dois dias consecutivos, 2.ºC acima dos valores pré-industriais. A comunidade cientifica desde cedo avisou que 2024 poderia ser ainda mais quente e os primeiros recordes do ano começaram a chegar já em janeiro, com temperaturas anormalmente elevadas em algumas zonas para um mês do ano que deveria ser de muito frio.
Em Espanha, a localidade de Gavarda (Valência) atingiu no dia 27 de janeiro valores na ordem dos 30.7ºC. Segundo a Associação Valenciana de Meteorologia (AVAMET), isso significa que foi batido o recorde de temperatura mais alta na Europa num mês de janeiro. O organismo destacou que foi a primeira vez que se registou uma temperatura tão elevada nesta altura do ano desde que os dados meteorológicos estão disponíveis. Em França, depois de um início do ano marcado por temperaturas geladas, precipitação e neve, janeiro acabou com “temperaturas primaveris” no sul do país — em particular, em torno do Mediterrâneo e perto dos Pirenéus — que agravaram as condições de seca na região, indicou o serviço de meteorologia nacional. Segundo o Météo-France, a marca dos 25.ºC já foi atingida pela primeira vez no ano, no dia 26, nos Pirenéus Orientais (25.8°C em Céret e 25.6°C em Vivès).
Já Portugal registou em janeiro uma onda de calor considerada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) como a “mais significativa observada no mês de janeiro desde 1941”. Um fenómeno raro para esta altura e detetado por cerca de 30% das estações meteorológicas do continente. “Estes episódios de calor serão sem dúvida cada vez mais frequentes”, diz ao Observador Vanda Pires, do IPMA. “Já têm estado a ocorrer nestes últimos anos e vão continuar com certeza também a existir estes picos e estes episódios de temperaturas, tanto no verão, como no inverno e nas estações de primavera ou outono, que já temos registado também”, refere, acrescentando que não é um fator que se possa dissociar das alterações climáticas.
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