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“Fico muito enervada com coisas simples.” Os dias agitados da escola e as sessões que ajudam a lidar com o stress antes dos exames – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jun 16, 2024

No primeiro ano do projeto, previam-se 30 pessoas em consultas de psicologia, número que foi ultrapassado. Neste momento, são 52, a mais nova tem seis anos, a mais velha 83. Dessas 52, dezanove são alunos. Até agora, foram feitas mais de 300 consultas a gente que é encaminhada pelo centro de saúde, escolas, centros de dia, instituições particulares de solidariedade social, ou pela sua livre iniciativa. Nesse acompanhamento, há diversos casos. “Quadros depressivos e perturbações de ansiedade são muito marcados. Temos situações de luto, de comportamentos auto lesivos e suicidários. Situações de burnout, o exagero da pressão do trabalho e das responsabilidades familiares, tudo junto está a ser pesado”, refere Pedro Ferreira. “Nos contextos educativos, pressão social, pressão entre pares, pressão para os resultados”, adianta o psicólogo do projeto.

Como diretora de uma turma do 8.º ano do Agrupamento de Escariz, Joana Martins já encaminhou casos para o serviço de psicologia da escola. “Os pais ainda sentem um estigma de levar um filho ao psicólogo, mas essa resistência vai desaparecendo”, diz. “Eu deteto, como professora, situações que os pais não detetam e encaminho-as para a psicologia. Há uma grande falha de comunicação em casa, as famílias sentam-se à mesa e não conversam com os filhos.” As sessões permitem olhar para dentro. “No Covid, tivemos de fazer reajustes num curto espaço de tempo, o mundo fechou, mexeu connosco, sentimo-nos muito cansados, aprendemos técnicas para os alunos e para nós.” “Este projeto é, sem dúvida, um tesouro em todos os aspetos, a nível profissional e pessoal trouxe-nos mais-valias”, remata Joana Martins.

Na adolescência, as emoções andam à flor da pele. Ema Esteves tem 12 anos, toca violoncelo, anda no 7.º ano, e sempre gostou dos temas relacionados com a psicologia. É uma área que lhe interessa, dos sentimentos, das emoções. Os momentos às terças-feiras de manhã, de duas em duas semanas, sabem-lhe bem, compreende muita coisa. “Percebemos o que temos na nossa cabeça, a controlar a nossa ansiedade, a entender as nossas emoções”, afirma. Dessas sessões de regulação emocional, tem retido ensinamentos que não esquece. “Fez-me perceber que pedir ajuda não é errado, se houver motivos, se fizer sentido, nós não podemos chegar ao limite.” Exteriorizar o que se sente é sempre melhor do que guardar tudo para dentro.

Carolina Ferreira tem 13 anos, está a aprender a tocar piano no ensino articulado, já andou em consultas de psicologia, sabe que o que à primeira vista pode não ter nexo, acaba por ter enorme importância. Dá um exemplo. Os desenhos e os riscos que os psicólogos pedem para fazer têm uma explicação. “Apesar de parecer que não faz sentido, acaba por fazer. Não temos de expressar muita coisa para que percebam o que estamos a sentir. Exteriorizamos o que estamos a sentir sem dizer quase nada.” As sessões têm ajudado, sobretudo quando os testes estão à porta.

O “Equilibra-te”, integrado na Estratégia Municipal de Saúde de Arouca, é financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, no âmbito dos Planos de Ação das Operações Integradas em Comunidade Desfavorecidas da Área Metropolitana do Porto. O projeto assenta num trabalho em rede, em constante articulação com instituições do concelho – serviços de saúde, IPSS, associações, agrupamentos escolares -, e não terminará no fim do próximo ano, como está previsto na candidatura.



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