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“A democracia portuguesa pode aprender muito com a alemã sobre coligações fortes”. Philipp Lourenço, o jovem português da SPD – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jun 29, 2024

Voltando um pouco atrás: quando é começou o seu gosto pela política?
É uma história engraçada. Começou por volta dos 8 anos, que é a idade em que damos aqui na escola o funcionamento do sistema federal. Foi aí que comecei a interessar-me por política. E nessa altura, o futebol ajudou um bocado, por acaso. Os portugueses e estrangeiros que moram cá sabem que é sempre um bocadinho chato quando o nosso país joga contra a Alemanha. Tinha muitos problemas na escola por ser português. Aqui nas aldeias não é muito fácil. E por causa dessas chatices, várias delas devido ao futebol, sofri algum bullying. A política foi uma forma de poder evitar que isso continuasse, foi uma forma de poder melhorar a vida dos portugueses e da população da aldeia.

E conseguiu? Como é a juventude da SPD por aqui, em Schwalmtal?
Como em muitas aldeias em Portugal, os jovens saem daqui e vão para as cidades grandes. Colónia, Düsseldorf, até mais longe, como Munique. Por causa disso, a nossa juventude não está agora muito forte, mas um dia isso pode voltar e estou disponível para fazer o meu trabalho com eles. Agora estou focado em ser o vice-presidente do SPD do concelho.

E porquê o SPD? Porque não outro partido?
Fui para o SPD por ser europeísta. Só a Europa pode juntar as minhas raízes portuguesas com as alemãs. E para isso é preciso uma Europa forte, estável e com boas condições. Para ter uma Europa assim, é preciso visão. E para mim, não há partido nenhum no continente que seja tão europeísta como o SPD. O SPD é o único partido alemão que ajudou a criar um partido-irmão lá fora, quando o Willy Brandt ajudou o Mário Soares a fundar o PS em 1973. Isso foi logo uma prova da visão europeia. O Willy Brandt percebeu que para haver uma Europa forte, precisava de partidos que estivessem ao seu lado, a acompanhar essa luta pela justiça social.

Ainda assim, apesar dessa visão europeísta, o SPD teve o pior resultado de sempre numas eleições nacionais aqui na Alemanha, e logo numas Eleições Europeias, com 13,9%, em terceiro lugar. O que é que levou a este desastre?
O resultado fraco que tivemos está relacionado com o momento político aqui da Alemanha. Nós temos um Governo que em Portugal seria impossível. É uma coligação que junta os Verdes, que é o equivalente ao partido Livre; o FDP, que é o partido-irmão da Iniciativa Liberal; e o SPD, que é irmão do PS. Nunca na vida se faria esta coligação em Portugal. São três partidos tão diferentes, que gerou muitas dificuldades de governação na Alemanha. E depois de 16 anos de CDU, não estamos habituados a ter tanta discussão política. Perdemos as eleições por causa dos temas nacionais. Por outro lado, também perdemos pela má comunicação. A mensagem não chegou ao povo, não foi entendida. Agora é trabalhar para gerar novo entusiasmo pelo partido, até porque no próximo ano temos eleições legislativas.



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