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os avanços e recuos na negociação do acordo que porá “fim duradouro” ao conflito – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jul 7, 2024

Desde o final de maio que a paz na Faixa de Gaza parece estar mais perto que nunca. O último acordo apresentado pelos Estados Unidos pareceu agradar a Israel e ao Hamas inicialmente. Mas ainda assim o caminho parece longo, com ambas as partas a avançarem e recuarem: na última semana, o Hamas deu o braço a torcer em algumas exigências e Israel aproveitou para tentar satisfazer outras. Afinal, o que está em causa?

Foi pouco depois de Israel intensificar a ofensiva na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, que o presidente dos Estados Unidos da América apresentou uma proposta de cessar-fogo dividida em três fases (com cada uma a durar 42 dias). A proposta anunciada por Joe Biden a 31 de maio foi apresentada como sendo a proposta israelita.

O líder dos americanos disse que, com esta proposta, iria ser inaugurado o caminho para um “fim duradouro” do conflito. E sublinhou que a proposta continha ideias que tinham estado em cima da mesa em negociações anteriores, mas que tinham caído por terra. “Uma abordagem compreensiva [a este conflito] tem início neste acordo”, defendeu.

A primeira fase previa um cessar-fogo durante seis semanas, a libertação dos reféns mais frágeis (como mulheres, crianças e idosos) e de centenas de prisioneiros palestinos em Israel. E também a retirada das tropas israelitas das áreas mais povoadas e a entrada de 600 camiões de ajuda humanitária por dia em Gaza. No total, o Hamas iria libertar 33 reféns israelitas e Israel libertaria 30 a 50 palestinos por cada israelita.

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Na segunda etapa desta proposta de caminho para a paz — que começaria assim que o cessar-fogo iniciasse — estava previsto o cessar-fogo permanente e a retirada total das tropas israelitas de Gaza, assim como a libertação dos restantes reféns. A terceira (e última) fase incluía a reconstrução de Gaza (num período de 3 a 5 anos) e a constituição de um governo palestiniano sem membros do Hamas.

De acordo com o The Washington Post, esta proposta de quatro páginas e meia recebeu reação positivas dos dois lados numa primeira fase. E até o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) a apoiou. De facto, o Governo de Netanyahu disse que ia aceitar a proposta, apesar de a classificar como “má”. Mas mostrou-se apenas disponível para aceitar um cessar-fogo temporário (e não permanente) e que não tencionava acabar com a guerra enquanto o Hamas não fosse destruído.

Ainda assim, o Hamas acabou por recusar a proposta, apresentando um conjunto de alterações à mesma. Dias depois, a 3 de julho, o gabinete de Benjamin Netanyahu anunciou já ter recebido essa contraproposta. Numa versão inicial, os palestinianos começaram por exigir demasiadas alterações — o que foi criticado pelos Estados Unidos –, tendo depois acabado por apresentar uma proposta mais limada, em virtude de diálogos ocorridos entre o Hamas e países mediadores, como o Egipto.

Nesta contraproposta do Hamas (que teve por base aquela que Joe Biden apresentara em maio), o número de fases do “caminho da negociação” continua a ser o mesmo: três.

Logo na primeira fase o Hamas propõe, além do cessar-fogo temporário, a retirada das tropas israelitas na totalidade (e não apenas das zonas mais povoadas). Isto implica o fim do controlo israelita do corredor de Filadélfia e da passagem de Rafah — pontos chave que permitem o acesso à Faixa de Gaza. Desistindo de uma exigência inicial de cessar-fogo permanente, o Hamas comprometeu-se, por seu lado, a dar início à segunda fase (na qual irá libertar civis e soldados israelitas do sexo masculino) 16 dias após a primeira fase ser cumprida.

Contudo, ao ver o Hamas a ceder relativamente ao cessar-fogo permanente, o país governado por Netanyahu decidiu reagir, apresentando novas exigências ao acordo que já tinha aceitado. A informação foi avançada por órgãos de comunicação israelitas, citados pelo The Guardian, que acrescentam que o Governo israelita está a ser acusado de tentar sabotar a proposta de cessar-fogo. Não foram, até ao momento, detalhadas quaisquer exigências, mas é esperado que isto atrase o processo de negociação.

Esta semana o Egito irá receba delegações de Israel e dos Estados Unidos para continuar as negociações sobre o cessar-fogo. A informação foi avançada pela televisão estatal egípcia, que acrescentou ainda que o próprio diretor da CIA, William Joseph Burns, é também esperado no Cairo.



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