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assim serão os Jogos de 2024 – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jul 26, 2024

Um exemplo prático. Pedro Pablo Pichardo bateu o recorde nacional com o primeiro salto acima dos 18 metros por Portugal no Campeonato da Europa mas acabou por ficar com a prata perante o voo de Jordan Díaz, outro cubano naturalizado espanhol que está cada vez mais sedimentado como certeza. Além dele, há ainda mais oposição de cubanos e do sempre presente Hugues Fabrice Zango, do Burquina Faso. Há, em paralelo, um outro dado: as “picardias” entre todos. Isso vai servir como um estímulo extra para Pichardo, que redobra a aposta em tornar-se o primeiro bicampeão olímpico do país depois de dois anos a fio em que não teve oposição e outros mais condicionados por problemas com o clube e lesões. Com outra certeza: a par das finais dos 100 e 200 metros e dos 400 metros barreiras femininos, a decisão do triplo salto masculino será uma das mais aguardadas em Paris. E se “puxarem” uns pelos outros, pode dar recorde mundial.

Depois, a canoagem. Um pouco à semelhança do que aconteceu nas últimas edições, é ali que se concentram atenções nacionais não só em Fernando Pimenta, com o desafio de poder ser o primeiro campeão olímpico fora do atletismo e/ou o primeiro português a ganhar medalhas em três edições diferentes dos Jogos, mas também na dupla de K2 500 com João Ribeiro e Messias Baptista, que se sagraram campeões mundiais em Duisburgo no ano passado. Agora não correm por fora como acontecia, o que é “mau”, mas têm a vantagem de somarem mais um ano de trabalho para afinar uma química capaz de voltar o K2 nacional no pódio após a prata de Emanuel Silva e Fernando Pimenta em Londres, naquela que foi a melhor prova de 2012.

Por fim, Iúri Leitão. Se não tivesse sido campeão mundial de omnium provavelmente não figuraria na lista da Sports Illustrated mas, em termos internos, com ou sem esse título, havia esperança numa medalha. É aqui que entronca uma série de atletas portugueses entre os 73 presentes em 15 modalidades diferentes, com a particularidade de lutarem por um total de 67 medalhas – e, olhando nesta perspetiva, a questão de ser a delegação mais pequena desde Sidney acaba por ser diluída, com essa nuance de não haver qualquer equipa coletiva em Paris. Há Gustavo Ribeiro no skate. Há Catarina Costa, Patrícia Sampaio e Jorge Fonseca no judo (apesar dos sorteios menos simpáticos). Há Maria Inês Barros no tiro. Há a própria Angélica André nas águas abertas. Num dia bom, o sonho do pódio não fica assim tão longe. Num dia normal ou menos conseguido, será complicado. Em edições anteriores, era fácil apontar para medalhas na lógica do 1-2, 2-3 ou 3-4. Aqui é tudo mais aberto, entre nenhuma ou uma até cinco, que seria um recorde em Jogos Olímpicos.

De resto, todos os olhos estão colocados sobretudo em Simone Biles, ainda vista entre a paragem em Tóquio a meio das provas que multiplicou a imagem de força que tem enquanto atleta e os Mundiais de Antuérpia onde “limpou” tudo. Há Carlitos Alcaraz, Rafa Nadal de regresso à Meca do ténis que se confunde com a sua história como é Roland Garros, Novak Djokovic. Há Katie Ledecky, há Caeleb Dressel. Há Noah Lyles, há Eliud Kipchoge. Figuras não faltam mas os Jogos são sobretudo palco para heróis. Heróis que ganham provas e medalhas. Heróis que não o deixam de ser quando têm como objetivo superar os seus limites. É aqui que entronca Diogo Ribeiro, o prodígio da natação. Após ter sido campeão do mundo, o mais fácil é apontar o nadador de 19 anos às medalhas. Não é linear sequer que chegue à final. Aliás, Portugal só foi a uma final da modalidade com Yokochi em Los Angeles-1984. Por isso, e na última nota que fica de Paris, é bom ter em conta que há uma diferença entre ter uma prestação má ou os outros serem simplesmente melhores…





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