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Sismos. Do Hospital de Santa Maria à Ponte 25 de Abril, até onde aguentariam as infraestruturas críticas? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Ago 26, 2024

“A ponte tem de resistir a 4,5 vezes as forças que vêm do sismo, foi feito um decreto especial”, porque se trata de “uma ligação fundamental entre o norte e o sul”, diz o engenheiro. E explica que se trata de uma verdadeira ponte suspensa: “Está apoiada, mas o tabuleiro está suspenso. Não creio que um sismo violento possa pô-la em risco. Pode haver danos, mas não colapso.”

Já a resistência da Ponte Vasco da Gama será apenas ligeiramente menor, uma vez que não tem cabos curvos, mas sim uns tirantes, que partem dos pilares principais. O tabuleiro está semi-suspenso, explica Armando Rito. “Não apoia na torre, tem uns dispositivos para amortecer. Se não existissem tínhamos movimentos do tabuleiro de até quatro metros. Agora, se abanar a torre principal, só será transmitido ao tabuleiro uma força baixinha.”

O especialista em pontes explica que “as regulamentações vão-se alterando; estão em permanente revisão consoante os conhecimentos”. “Se se achar conveniente e pudermos, muda-se a estrutura. Mas se fossemos mexer em todas as pontes mais antigas, durante anos não fazíamos mais nada”, diz, dando como exemplo as pontes no Douro. “O projeto é francês e na altura não pensavam em sismos. Essas não foram projetadas para aguentar [sismos].

Armando Rito lembra, no entanto, que nos últimos anos foram levados a cabos alguns projetos de reabilitação, como o viaduto Duarte Pacheco e o Viaduto de Sacavém sobre o rio Trancão.

O epicentro do sismo da madrugada passada foi no oceano, mas, questionado sobre o que poderia ter acontecido em Sines caso tivesse sido em terra, Rodrigo Falcão Moreira aponta alguma preocupação, uma vez que se trata de uma localidade com uma refinaria e um indústria.

“Normalmente [estas infraestruturas] são previstas para resistir à intensidade sísmica acima da [intensidade prevista para] habitação, ou seja, o suficiente para garantir que a estrutura não colapsa e que as pessoas conseguem fugir”, diz o especialista em Estruturas e Segurança Sísmica de Edifícios do Porto. E lembra que em causa estão “além dos edifícios, condutas, pipelines e produtos inflamáveis”.

Sismo de 5,3 sentido de norte a sul de Portugal, com especial impacto em Lisboa. Sismo teve seis réplicas e nenhuma foi sentida pela população, diz IPMA

Podemos entrar numa catadupa de eventos. Se houver rotura de uma pipeline, há um derrame de fluído inflamável, que leva a um incêndio. Tudo se pode precipitar”, diz, recordando o que aconteceu em 1755, quando um incêndio provocado por velas acesas em virtude do Dia de Todos os Santos se alastrou pela cidade.

E em Lisboa? Há ainda que pensar “nas redes integradas de gás”. Mais: “Focamo-nos nos edifícios, mas também temos a questão das pontes e das estradas. Se tenho uma estrada intransitável, como é que chego ao hospital, que até está bem construído e planeado?”, questiona Falcão Moreira.

“O sismo desta segunda-feira foi relativamente superficial. Mas se tivesse sido localizado aos mesmos 10 quilómetros e diretamente por baixo de Sines estávamos a contar números de mortos”, remata.





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