Após meses de atrasos e incertezas, a cápsula Starliner da Boeing retornou da Estação Espacial Internacional, pousando no Porto Espacial White Sands, Novo México, pouco depois da meia-noite de sábado.
A cápsula retornou autonomamente à Terra sem seus dois tripulantes, o astronauta da NASA Butch Wilmore e Suni Williams, que permanecerá a bordo da estação até fevereiro próximo. A agência espacial determinou no final do mês passado que a dupla fará sua viagem de volta à Terra a bordo de uma cápsula SpaceX Dragon, depois que a Starliner passou por problemas técnicos no início da missão.
Em uma coletiva de imprensa pós-voo no sábado, o gerente do programa de tripulação comercial da NASA, Steve Stich, chamou o voo de “quase perfeito”. Ele acrescentou que a missão bem-sucedida provocou sentimentos mistos entre a equipe.
“De uma perspectiva humana, todos nós nos sentimos felizes com o pouso bem-sucedido, mas há uma parte de nós, todos nós, que gostaríamos que tivesse sido do jeito que planejamos”, ele disse. “Nós tínhamos planejado que a missão pousasse com Butch e Suni a bordo.”
Embora a nave espacial tenha partido da estação vazia, as apostas ainda eram extremamente altas para a Boeing e a NASA acertarem nessa missão de retorno. Um voo malsucedido poderia muito bem ter significado o fim do programa Starliner por completo (a Boeing já despejou mais de US$ 1,5 bilhão no desenvolvimento da cápsulaalém do contrato de US$ 4,2 bilhões que a NASA concedeu à empresa há uma década). Mas esse voo impecável abriu um caminho plausível para a Starliner continuar, embora os engenheiros precisem modificar o veículo para garantir que os problemas técnicos — que incluíam propulsores com defeito e vários vazamentos de hélio no sistema de propulsão — não se repitam em voos futuros.
Os representantes da Boeing estão mantendo segredo sobre o futuro do programa por enquanto. Embora dois executivos da Boeing estivessem programados para comparecer à coletiva de imprensa, eles cancelaram no último minuto. Em vez disso, a Boeing forneceu uma declaração por escrito aos repórteres: “Quero reconhecer o trabalho que as equipes da Starliner fizeram para garantir um desacoplamento, desorbitação, reentrada e pouso bem-sucedidos e seguros”, disse Mark Nappi, gerente do programa de tripulação comercial da Boeing. “Revisaremos os dados e determinaremos as próximas etapas do programa.”
Ao longo dos mais de 90 dias em que a Starliner esteve em órbita, a Boeing insistiu que a cápsula era segura o suficiente para levar os astronautas para casa. Em 2 de agosto, a empresa postou uma atualização em seu site que equivalia a uma defesa pública da cápsula.
“A Boeing continua confiante na nave espacial Starliner e em sua capacidade de retornar com segurança com a tripulação”, disse a atualização. “Continuamos a apoiar as solicitações da NASA por testes, dados, análises e revisões adicionais para afirmar as capacidades seguras de desacoplamento e pouso da nave espacial. Nossa confiança é baseada nessa abundância de testes valiosos da Boeing e da NASA.”
Stich forneceu um pouco mais de detalhes, dizendo que a Boeing e a NASA terão uma “ideia um pouco melhor” do cronograma geral para avançar em um mês ou mais, depois que tiverem tempo para conduzir testes adicionais e revisar dados.