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Sónia, Paulo e Susana. A “família” de Oliveirinha que morreu no fogo – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 17, 2024

Depois da pausa, Paulo, Sónia, Susana, Luís e Francisco seguiram para uma frente de fogo junto à Quinta do Rabaçal. As chamas tinham acabado de atravessar o Mondego e aproximavam-se de habitações. “Estavam a combater. Com a agulheta, de mangueira na mão. Formavam a equipa de cinco elementos. Dois estavam na carrinha, como é prática, e os outros três estavam a combater o fogo. Um na agulheta, os outros dois na mangueira”, explica Vítor Melo, presidente da Associação de Bombeiros de Vila Nova de Oliveirinha.

Uma situação normal de combate a incêndios. Mas o fogo contava com o aliado mais temido por bombeiros e populações. O vento forte permitiu que as chamas progredissem rapidamente pela encosta acima e a única solução seria fugir. Paulo, Sónia e Susana correram à procura da carrinha, mas não chegaram ao destino. Luís e Francisco esperaram até deixar de ser possível.

Francisco estava noivo de Sónia, que era cunhada de Paulo — o irmão do comandante dos bombeiros de Vila Nova de Oliveirinha. “O comandante está bastante abalado porque chegou ao local enquanto tudo estava a acontecer. Não só como comandante de todos aqueles operacionais, mas também como irmão. Está combalido”, explica o presidente da junta de freguesia.

Paulo Santos faria 39 anos no próximo mês de outubro. Casado, pai de duas meninas, uma ainda no 1º ciclo, outra ainda não chegou ao pré-escolar. “Experiente” é a palavra usada por todos os que o conhecem para o descrever.

“O Paulo, não há explicação. Humilde. Ajudava toda a gente. Alegre. Era um pai dedicado, nada faltava às miúdas. Era meu primo, filho de uma prima direita do meu pai. O Paulo era um bom homem”, conta Tomás Rocha, habitante de Vila Nova de Oliveirinha e irmão de Luís Rocha, o condutor da carrinha de bombeiros em que seguia Paulo Santos. “Para esta terra, isto é muito, muito complicado. É família que morreu no fogo.”

Em 2021, Paulo Santos foi candidato pelo PSD à Junta de Freguesia desta pequena aldeia do município de Tábua. “Era uma pessoa extremamente afável. Tenho muita consideração por ele, independentemente de termos sido adversários”, diz João Nuno Brito, o atual presidente da Junta de Freguesia. Paulo tinha três irmãos, dois sabem o que é combater incêndios — o mais velho lidera a corporação de Oliveirinha.

Nesta terça-feira, Paulo Santos, também conhecido como “Paulito”, estava ao lado da cunhada, Sónia Melo, quando morreu enquanto combatia o fogo junto ao Mondego.





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