Tim Burton surgiu em um momento muito peculiar na cultura popular. Os dramas adultos concisos e depressivos dos anos 1970 deram lugar aos blockbusters ultra-lisos e cheios de espetáculos dos anos 1980, quando uma nova geração de filmes de aventura entrou no mercado, comandada por cineastas precoces que passaram a juventude em escolas de cinema de verdade. Ao mesmo tempo, o conservadorismo financeiro e cultural do governo Reagan amplificou as vozes de punks rebeldes e esquisitões artísticos empreendedores que não queriam ter nada a ver com o mundo comercial. As circunstâncias estranhas — um aumento de dinheiro combinado com um mal-estar geral antiestablishment — eram perfeitas para que os malucos anti-mainstream aparecessem aos olhos do público.
De repente, cineastas como David Lynch, Tobe Hooper e Paul Verhoeven podiam fazer grandes sucessos, e Tim Burton podia ser acolhido pelo público em geral. Burton, em particular, não poderia ter alcançado a fama em nenhuma outra época.
Burton era filho de filmes B e ajudou a dar à luz o movimento gótico, junto com Bauhaus e Siouxsie Sioux. Lydia Deetz, a personagem interpretada por Winona Ryder no filme de Burton de 1988 “Beetlejuice”, tornou-se um ícone dos góticos em todos os lugares, e a estranheza semi-caprichosa, semi-depressiva, voltada para a morte e amante de desenhos animados de Burton pegou em todo o mundo. Ele redefiniu o Batman, tornando o herói um anti-herói gótico e expressionista, e contou muitas histórias de romance melancólico entre excêntricos e outsiders.
Eventualmente, porém, o público se cansou de sua produção, e muitos começaram a rejeitar seu trabalho. Desde cerca de 2000, parecia que Burton, em vez de perseguir projetos que o interessavam, estava meramente conectado a IPs existentes que já se encaixavam em suas sensibilidades. Alguns desses últimos filmes de Burton não foram recebidos de braços abertos, e alguns até foram totalmente criticados. Burton sempre colocou seu coração no design, figurinos e visuais peculiares de um filme, mas ele nem sempre estava trabalhando com boas ideias ou roteiros.
De todos os filmes de Burton, porém, seu remake de “Planeta dos Macacos” e sua adaptação de “Sombras da Noite” receberam as piores críticas.