O primeiro-ministro Keir Starmer promete proteger os serviços públicos e descarta medidas de austeridade enquanto o partido governista se reúne em Liverpool.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, prometeu proteger os serviços públicos e descartou medidas de austeridade no início da conferência anual do seu Partido Trabalhista, a primeira em 15 anos como partido no governo.
O encontro de quatro dias na cidade de Liverpool, no noroeste da Inglaterra, que começou no domingo, ocorreu quase três meses depois que o Partido Trabalhista garantiu uma vitória esmagadora nas eleições gerais sobre os Conservadores.
Sob pressão sobre a decisão do governo de limitar os pagamentos de combustível de inverno para os idosos e usar as doações para roupas e hospitalidade, o partido terá que encontrar um equilíbrio entre celebrar a tão esperada vitória do Partido Trabalhista, defender seu histórico e não desistir de lembrar as “decisões difíceis” que estão por vir.
Apesar de preparar o terreno para prováveis cortes de financiamento e aumentos de impostos no orçamento previsto para o final de outubro, Starmer disse ao jornal Sunday Mirror que não seguiria “o caminho da austeridade”.
Ele repetiu seu aviso de que fará as “coisas difíceis primeiro”, mas também disse ao jornal Observer que “garantirá que nossos serviços públicos estejam funcionando adequadamente” e protegerá os trabalhadores dos aumentos de impostos.
Perdendo popularidade
A conferência trabalhista traz um impulso moral muito necessário após uma semana dominada por manchetes negativas para Starmer.
Uma pesquisa da Opinium para o Observer antes da conferência mostrou que o índice de aprovação de Starmer sofreu uma queda enorme desde julho, com apenas 24% aprovando o trabalho que ele estava fazendo. Foi relatado que ele recebeu mais de 100.000 libras esterlinas (US$ 133.225) em presentes e hospitalidade declarados desde dezembro de 2019 — o maior valor entre todos os parlamentares.
Embora os presentes não tenham violado as regras parlamentares, a discussão começou quando seu governo pressionou os britânicos a aceitarem “dor de curto prazo em troca de bem de longo prazo” para ajudar a preencher o “buraco negro” nas finanças públicas que totaliza 22 bilhões de libras (US$ 29,3 bilhões) e que ele diz que os conservadores deixaram para trás.
Em seu discurso de abertura na conferência, a vice-primeira-ministra Angela Rayner adotou uma nota mais otimista, ao se posicionar diante de um fundo vermelho estampado com o slogan: “A mudança começa”.
Rayner, que também é responsável por moradia e comunidades, prometeu “consertar as fundações e colocar a Grã-Bretanha de volta no caminho do crescimento”, enquanto o Secretário de Relações Exteriores David Lammy fez um discurso empolgante com cânticos de “A Grã-Bretanha está de volta”.
Antes da conferência, Starmer disse ao Observer que seu governo havia feito em 11 semanas “muito mais do que o último governo provavelmente fez nos últimos 11 anos”, citando metas ambiciosas de construção de moradias, criação de um órgão público de investimento em energia verde e o recrutamento de policiais e professores.
Mas Sharon Graham, secretária-geral do sindicato Unite, que tem mais de um milhão de membros na Grã-Bretanha e na Irlanda, pediu a Starmer que anulasse sua decisão de limitar os pagamentos de combustível.
Graham disse à Sky News mais cedo no domingo que queria que Starmer dissesse que a mudança foi um passo em falso e revertesse uma política que testará os meios dos pagamentos que ajudam alguns aposentados a cobrir contas de combustível cada vez mais caras. “É uma política cruel. Ele precisa revertê-la”, disse Graham.
Starmer diz que foi forçado a tomar decisões difíceis depois que o governo conservador anterior deixou um “buraco negro” de 22 bilhões de libras (US$ 29 bilhões) nas finanças públicas – uma acusação que os conservadores negam.