O ministro das Relações Exteriores iraniano diz que Teerã está pronta para reiniciar as negociações nucleares se outras partes estiverem dispostas a fazê-lo.
O Irã está pronto para iniciar uma nova rodada de negociações nucleares, disse o ministro das Relações Exteriores do país.
Em uma publicação nas redes sociais, o ministro das Relações Exteriores Seyed Abbas Araghchi disse que Teerã está pronto para abrir negociações sobre o programa nuclear do Irã esta semana, caso outros se mostrem dispostos. No entanto, o moderado recentemente nomeado reconheceu que as tensões regionais elevadas tornam a retomada do processo um desafio.
“Se as outras partes estiverem prontas, podemos reiniciar as negociações durante esta viagem”, disse Araghchi. O principal diplomata do Irã deve estar em Nova York esta semana para comparecer à Assembleia Geral das Nações Unidas, com o presidente iraniano Masoud Pezeshkian previsto para fazer um discurso na terça-feira.
“Ficarei em Nova York por mais dias após o retorno do presidente e terei mais reuniões com ministros das Relações Exteriores de diferentes países”, disse Araghchi em uma declaração citada pela agência de notícias estatal IRNA na segunda-feira.
Em julho deste ano, o relativamente moderado Pezeshkian venceu a eleição presidencial. Ele prometeu reiniciar as negociações com as potências ocidentais para suspender as sanções em busca de aliviar a pressão econômica sobre o Irã.
Teerã e as potências mundiais assinaram em 2015 um acordo nuclear histórico – o chamado Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA) – projetado para conter as atividades nucleares iranianas em troca de alívio de sanções. Três anos depois, o então presidente dos EUA, Donald Trump, retirou-se unilateralmente do acordo, impondo novas sanções.
A composição do gabinete escolhido por Pezeshkian sinalizou seu desejo de se reengajar com o Ocidente. Tanto Araghchi quanto o Deputado para Assuntos Estratégicos Mohammad Javad Zarif são considerados arquitetos do JCPOA.
O líder supremo Ali Khamenei, que continua sendo o principal tomador de decisões do Irã, disse ao governo em abril que não havia “nenhum dano” em se envolver com o “inimigo”.
No entanto, a reaproximação entre o Irã e o Ocidente é obstruída pela crescente tensão na região.
O Irã está alinhado com uma série de atores regionais que estão em desacordo com Israel e seu principal aliado, os Estados Unidos, incluindo o Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano e os Houthis no Iêmen.
Teerã também vem fortalecendo seus laços com a Rússia. Os EUA e os aliados da União Europeia acusam-na de apoiar a guerra de Moscou contra a Ucrânia enviando drones e mísseis.
Araghchi rejeitou categoricamente essas alegações no início deste mês, chamando-as de baseadas em “inteligência falha”.
Em seus comentários na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores reconheceu que este não é o momento de resolver a hostilidade com os EUA, mas insistiu que “seus custos podem ser reduzidos”.