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Mísseis balísticos, drones e 50 mil homens. As capacidades militares do Hezbollah, um “inimigo formidável” no campo de batalha – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 25, 2024


Quais são as capacidades atuais do Hezbollah e que dificuldades é que o grupo xiita pode representar para as Forças de Defesa de Israel? Como salienta a CNN internacional, a organização militar e política sediada no Líbano “não é o Hamas”. Em declarações ao Observador, Orna Mizrahi, especialista no think tank israelita Institute for National Security Studies, sublinha que o Hezbollah continua a ser uma “ameaça” para Telavive.

Os cem mil militares que Hassan Nasrallah diz que pertencem ao Hezbollah nunca foram confirmados por institutos militares ou serviços de informações estrangeiros, podendo não corresponder à realidade. Uma das últimas contabilizações, realizada pelo think tank Center for Strategic and International Studies (CSIS), dá conta de cerca de 50 mil homens, sendo que 20 mil são reservistas.

Segundo um relatório daquele think tank publicado em março de 2024, as forças do Hezbollah “consistem principalmente em infantaria ligeira, que foram treinadas para serem discretas, para se moverem com facilidade e para serem autónomas”. Ou seja, não existe um comando e controlo centralizado, sendo que várias decisões são “tomadas de forma independente no campo de batalha com base no que um comandante quererá”

O objetivo é que, diante a ameaça de um exército mais forte como o israelita, o Hezbollah consiga que as forças se mexam de forma rápida e para tirarem vantagem de “esconderijos e fortes”. Mas o grupo xiita também aprendeu com “exércitos convencionais”, como explica o relatório do CSIS. Por causa da experiência na guerra civil da Síria, em que participou, a organização islâmica teve conhecimento das “capacidades e competências” usadas pelas tropas que representam um determinado país. E isso vale muito.

Mas não é só um exército bem treinado. O Hezbollah pode ter no seu arsenal entre “120 a 200 mil” rockets e mísseis, cujo alcance cobre todo o território israelita.“É provavelmente um dos grupos não estatais com mais armamento no mundo”, lê-se no relatório do CSIS, que salienta ainda o stock de munições de que a organização xiita dispõe.

Raio de ataques com diferentes mísseis no arsenal do Hezbollah

Uma das armas mais poderosas são os mísseis balísticos de longo alcance Fateh-110, que podem atingir alvos entre entre 250 a 300 quilómetros. Mas também os iranianos Qader 1, que foram utilizados esta quarta-feira para atacar Telavive. O Hezbollah usa igualmente drones iranianos, como os Shahed, que podem atingir alvos até dois mil quilómetros. E também possuem sistemas de defesa aéreos que protegem os céus e os equipamentos do grupo islâmico.

Mísseis no arsenal do Hezbollah

No entanto, não é certo onde é que o Hezbollah esconde no seu arsenal, mantendo essas informações em segredo por questões estratégicas. Mas a verdade é que, ao longo dos últimos meses, teve sucesso, como frisa a CNN Internacional, em perfurar o sofisticado sistema de defesa aéreo antimíssil israelita, o Iron Dome — o que mostra a eficácia da organização xiita.

Para que os seus ataques em solo israelita tenham mais sucesso, o Hezbollah instalou várias bases militares perto da fronteira com Israel. No sul do Líbano, o grupo xiita exerce um forte controlo na população, tendo angariado muitos dos seus militantes naquela parte do país. O sul de Beirute, mais concretamente o subúrbio de Dahieh, é um dos bastiões da organização xiita, de onde lança vários mísseis. Vários membros de topo do Hezbollah também estão escondidos naquela região da capital libanesa.

Bases militares do Hezbollah e onde escondem os mísseis

Desde a semana passada, Israel está a conseguir prejudicar as capacidades ofensivas do Hezbollah com os ataques aéreos que começaram na semana passada, inicialmente com as explosões de pagers e walkie-talkies que causaram dezenas de vítimas mortais. Para mais, como explica Orna Mizrahi, as Forças de Defesa israelitas estão a conseguir danificar os locais de onde o grupo xiita lança os mísseis de médio e longo alcance.

“As infraestruturas, armazéns e fábricas de armamento têm sofridos danos consideráveis” por conta dos ataques israelitas, diz Orna Mizrahi, referindo  que o assassínio de vários de líderes do Hezbollah — como doze membros das tropas de elite — provocou várias baixas entre o grupo xiita. “Parte da cadeia de comando e controlo foi eliminada. Perderam muitos nomes importantes”, indica.

Em declarações ao Observador, Abed El Qadir Kanaaneh, professor do departamento de História do Médio Oriente e de História Africana na Universidade de Telavive, corrobora que a eliminação dos rostos mais importantes do Hezbollah prejudicou a forma como o grupo pode responder a uma operação terrestre ou mesmo aos ataques aéreos. “Os assassínios recentes de figuras-chave no Hezbollah, como [os comandantes militares] Ibrahim Akil e Fuad Shukar foram, sem dúvida, duros golpes para a organização. Teve um impacto quer operacional, quer simbólico.”

Os dois especialistas concordam que, apesar das perdas recentes e de terem usado armamento durante quase um ano para atacar o norte de Israel, o Hezbollah ainda é uma ameaça. Ao contrário do Hamas, que tem de recorrer a túneis para deixar entrar armas devido a ter como único vizinho Israel, a organização islâmica tem uma importante fronteira com a Síria e consegue restabelecer o seu arsenal com relativa facilidade.

O Irão é o facilitador no meio disto tudo. “É provável que Teerão possa reabastecer o arsenal do Hezbollah rapidamente num conflito com Israel”, lê-se no relatório do CSIS, que aponta ainda que este “reabastecimento de armamento é mais fácil que no passado, devido à presença do Irão na Síria, que se expandiu consideravelmente após Teerão ter salvado o regime sírio de Bashar al-Assad quando começou a guerra civil em 2011”. Existe mesmo um “corredor terrestre” que envia armas desde o Iraque, para a Síria e chega finalmente ao Líbano.





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