• Dom. Set 29th, 2024

Nico, o dono do mapa que tinha a fuga do labirinto (a crónica do FC Porto-Arouca) – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 29, 2024

Até quarta-feira, o azul e branco de Vítor Bruno bem que podia ser ouro sobre o azul. O FC Porto conquistou a Supertaça, levava cinco vitórias em seis jornadas da Liga e só escorregou contra o Sporting, para além das boas exibições e das respostas assertivas dos reforços de verão. Na quarta-feira, o FC Porto perdeu na Noruega com o Bodø/Glimt no arranque da Liga Europa. E o azul e branco de Vítor Bruno empalideceu. 

O desaire europeu enfraqueceu o otimismo dos dragões, principalmente por ter acontecido depois de o FC Porto ter começado o jogo em vantagem e contra uma equipa teoricamente inferior — mas também pelas poupanças que Vítor Bruno implementou. O treinador procurou gerir o plantel, deixando Alan Varela, Galeno e Pepê no banco de suplentes, e não conseguiu contrariar a ideia de que as soluções alternativas não corresponderam.

Ficha de jogo


Mostrar


Esconder

FC Porto-Arouca, 4-0

7.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: André Narciso (AF Setúbal)

FC Porto: Diogo Costa, João Mário, Zé Pedro, Nehuén Pérez, Francisco Moura, Alan Varela (Fábio Vieira, 69′), Nico González (André Franco, 75′), Vasco Sousa (Deniz Gül, 45′), Pepê (Rodrigo Mora, 80′), Samu, Galeno (Stephen Eustáquio, 69′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Tiago Djaló, Martim Fernandes, Iván Jaime

Treinador: Vítor Bruno

Arouca: Nico Mantl, Morlaye Sylla (Pedro Santos, 62′), José Fontán, David Simão (Marozau, 83′), Ivo Rodrigues (Jason, 75′), Popovic, Alfonso Trezza (Chico Lamba, 62′), Taichi Fukui, Amadou Danté, Tiago Esgaio (Alex Pinto, 83′), Güven Yalçın

Suplentes não utilizados: Thiago Rodrigues, Miguel Puche, Pablo Gozálbez, Weverson

Treinador: Gonzalo García

Golos: Samu (49′), Nico González (52′), Galeno (57′), Deniz Gül (85′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Güven Yalçın (32′ e 43′), a Morlaye Sylla (32′), a Alan Varela (35′), a Rodrigo Mora (90+1′); cartão vermelho por acumulação a Güven Yalçın (43′)

Ora, este domingo, o FC Porto procurava regressar às vitórias contra o Arouca, equipa que perdeu quatro das seis jornadas já disputadas, mas que os dragões não conseguiram bater na temporada passada. “Eu quero muito ganhar. Quero muito ganhar, sou muito ambicioso. Gosto muito daquilo que é a exigência diária no trabalho. É a vontade permanente e viciante dos jogadores, assim como a minha, queremos muito que isso fique enraizado entre todos aqui. Não queiram agora é encontrar aqui pequenos labirintos quase gramaticais ou conceptuais para poderem colocar uma pessoa contra a outra. Não façam isso, não vão por aí, não vão ser bem sucedidos”, disse Vítor Bruno na antevisão, comentando o facto de André Villas-Boas ter dado o clube como candidato à conquista da Liga Europa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Assim, neste contexto, o treinador dos dragões recuperava a titularidade de Alan Varela, Galeno e Pepê, com Vasco Sousa a surgir no onze e Fábio Vieira a aparecer no banco já recuperado de lesão. De fora, pelo terceiro jogo consecutivo, ficava Otávio. Do outro lado, com muitos jogadores ausentes por problemas físicos, Gonzalo García apostava em Güven Yalçın como referência ofensiva, apoiado por Sylla, Ivo Rodrigues e Alfonso Trezza.

O jogo demorou a arrancar, com o primeiro quarto de hora a decorrer sem lances de especial interesse ou aproximações perigosas às balizas. As duas equipas batalhavam essencialmente no meio-campo, com vários duelos individuais e uma clara atenção à pressão agressiva e eficaz, mas não tinham a capacidade de assustar os guarda-redes. Ainda assim, e apesar de o FC Porto ter mais bola e as ocorrências aparentemente controladas, ficava a ideia de que o Arouca tinha muita facilidade na hora de sair a jogar.

A equipa de Gonzalo García aparecia no Dragão sem grandes pruridos, com as linhas subidas e muita mobilidade no setor ofensivo. O FC Porto perdia muitos duelos no meio-campo, permitindo algumas transições rápidas que deixavam o Arouca com possibilidade de atacar a baliza de Diogo Costa, já que Sylla e Trezza raramente eram apanhados em velocidade nos corredores. Güven Yalçın era uma presença importante na área e rematou duas vezes contra adversários depois de ser assistido a partir das alas (11′ e 20′).

Do outro lado, face à boa organização defensiva do Arouca, o FC Porto não conseguia propriamente construir jogadas de associação e apostava na meia distância, com Nico González e Alan Varela a rematarem mais do que uma vez de fora de área. Pepê ficou muito perto de inaugurar o marcador após passe de João Mário, mas Popovic estava no sítio certo a intercetar o pontapé numa altura em que Nico Mantl estava batido (29′).

O jogo entrou numa fase mais incaracterística a partir da meia-hora, novamente muito disputado no meio-campo e com várias interrupções, e Samu deu um abanão numa exibição até aí pouco conseguida ao rematar por cima e contra um adversário em lances consecutivos (40′ e 41′). Mesmo à beira do intervalo, porém, as ambições dos visitantes foram agitadas: Güven Yalçın viu o segundo cartão amarelo e foi expulso, deixando o Arouca em inferioridade numérica para toda a segunda parte apesar de ter ido para o intervalo ainda empatado sem golos no Dragão contra o FC Porto.

Vítor Bruno mexeu logo ao intervalo e tirou Vasco Sousa para lançar Deniz Gül, apostando numa presença mais forte perto de Samu para aproveitar a inferioridade numérica do Arouca. E a estratégia demorou poucos minutos a dar frutos: Pepê acelerou na direita e foi até à linha de fundo para cruzar atrasado para a área, onde Samu ainda rematou contra um adversário mas acabou por não desperdiçar na recarga, marcando pelo quarto jogo consecutivo (49′).

O Arouca ruiu como um castelo de cartas e os buracos na defesa começaram a aparecer, para além dos erros não forçados que a equipa não tinha cometido na primeira parte. Instantes depois de Samu abrir o marcador, Nico González aproveitou uma saída curta entre Nico Mantl e David Simão e ganhou a bola praticamente na área contrária, atirando depois para aumentar a vantagem (52′). Pouco depois, no terceiro golo do FC Porto em menos de dez minutos, Galeno apareceu a cabecear ao primeiro poste depois de um canto na direita e dilatou os números no marcador (57′).

Gonzalo García procurou proteger a equipa de uma eventual goleada e fortaleceu a defesa, trocando Sylla e Trezza por Chico Lamba e Pedro Santos. Vítor Bruno respondeu com Fábio Vieira, que se estreou no regresso ao Dragão por empréstimo do Arsenal, e também Stephen Eustáquio. Já pouco aconteceu até ao fim, à exceção de um remate de Samu que saiu à malha lateral e deu a impressão de golo (74′), e Vítor Bruno ainda potenciou a estreia de Rodrigo Mora na Primeira Liga.

O FC Porto goleou o Arouca no Dragão e segurou o segundo lugar do Campeonato, com mais dois pontos do que o Benfica e menos três do que o Sporting. Poucos dias depois da derrota na Noruega, os dragões conseguiram reagir e regressar rapidamente às vitórias — num dia em que Nico González voltou a marcar, voltou a ser crucial no equilíbrio da equipa e deixou bem claro que é uma das traves-mestras de Vítor Bruno.





Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *