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Num debate cordial e contido, JD Vance moderou-se e Tim Walz procurou cativar o centro – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 2, 2024

Até quando foi alvo de um fact check por parte de uma das moderadoras sobre o tema — que notou como muitos desses imigrantes haitianos estão legais, através de um esquema de proteção de asilo temporário —, Vance não desarmou: “Essa candidatura pode ser feita quando se é um um imigrante ilegal e é-lhe concedido estatuto legal graças à política de portas abertas de Kamala Harris”, disse. “Isso é um flirt com a imigração ilegal.”

O candidato a vice-presidente agarrou assim a base. E depois continuou a tarefa que parece ter sido uma das principais razões por ter sido escolhido para o lugar: explorar as suas raízes da classe trabalhadora branca da Appalachia, que pode ser decisiva nesta eleição em estados como a Pensilvânia. JD Vance invocou o seu exemplo pessoal muitas e muitas vezes ao longo de todo o debate: falou da “adição a opióides” da sua mãe e insinuou que ela considerou fazer um aborto e que lhe confessou que isso “teria destruído a sua vida”; lembrou que a sua avó “contraiu dívidas médicas para poder pôr comida na mesa” e como muitas vezes ela “não tinha dinheiro para ligar o aquecimento”. A sua história de vida dominou quer a declaração inicial como a final.

Mas se JD Vance pode ter conseguido pontos junto do eleitorado que disputa com recurso ao seu passado e a uma posição firme na imigração, nem sempre foi eficaz ao longo de todo o debate. Em algumas áreas, apresentou propostas vagas, como a ideia de usar “terrenos federais” para construir habitação sem explicar quais ou quando defendeu que a melhor forma de lidar com os tiroteios nas escolas era conseguindo portas que “tranquem melhor” e “janelas reforçadas”.

Pior do que isso: onde Vance não conseguiu, de todo, ser eficaz, foi em distanciar-se de declarações polémicas do passado, tanto suas como do seu candidato a Presidente. Umas vezes por falta de explicação convincente. Foi o caso da sua mudança de opinião face a Trump, que justificou com as “fabricações dos media”, mas também com a falta de “ajuda” do Congresso durante o mandato do Presidente. Vance também tentou elaborar o “conceito” para o plano de saúde que Trump mencionou de raspão no último debate, mas limitou-se a repetir que o ex-Presidente “salvou” o Obamacare — apesar de no passado ter tentado reverter essa lei.

Outras piruetas foram ainda mais difíceis de fazer, por representarem uma completa inversão de posições que defendeu no passado. Foi o caso da redução de impostos de Trump de 2017: em março, JD Vance confessava ao Politico não concordar com a parte da descida para os mais ricos; agora diz-se “orgulhoso” dessa reforma. Outro tema onde reverteu totalmente a sua posição foi em relação ao aborto: há apenas dois anos defendia que o aborto fosse proibido a nível nacional, enquanto agora segue a posição de Trump de “deixar os estados tomarem a decisão individualmente”.

Mas a área onde Vance mais tropeçou foi quando se recordou a invasão do Capitólio, mais perto do final do debate. O candidato que chegou a defender que se despeça “cada funcionário intermédio” em Washington para ser substituído “por um dos nossos” tem sido mais ambíguo no que diz respeito ao 6 de janeiro e voltou a sê-lo. “Eu e Donald Trump achamos que houve problemas na eleição de 2020, mas vocês acusam-nos de não respeitar a Constituição”, disse, afirmando que não foi assim tão grave porque Trump apelou a protestos pacíficos. “A censura de Harris é uma ameaça muito maior à 1ª Emenda.”

Ao ser repetidamente confrontado por Walz sobre se considera que os resultados da eleição de 2020 foram legítimos, JD Vance limitou-se a responder uma e outra vez que “a censura” promovida por Kamala Harris é a maior ameaça à democracia norte-americana. Concretizando, só conseguiu dar como exemplo os posts apagados em redes sociais sobre a Covid-19.





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