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Pedro Nuno e Montenegro fizeram aquecimento para reunião orçamental e deixaram “maus indícios” no ar – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 3, 2024

Com uma reunião sobre o Orçamento marcada para logo depois do debate quinzenal, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos fizeram um aquecimento ainda dentro do hemiciclo. Antes da porta da sala do encontro a dois se fechar e quando ainda estavam sob os olhares públicos, aproveitaram para tentar colar as respetivas narrativas: negar qualquer culpa numa eventual crise política, antecipar que a outra parte deseja eleições e evitar a imagem do radical na sala das negociações. E, claro, para pressionar o outro lado, o que acabou numa inusitada troca de papéis, com Pedro Nuno Santos a autoproclamar-se centrista e Montenegro a chamar-lhe troikista.

É ponto assente entre todos que ficar com a responsabilidade de provocar mais uma crise política nas mãos pode deixar marcas profundas no terreno eleitoral, por isso neste debate essa foi uma carta que todos quiseram passar ao próximo. A começar pelo primeiro-ministro, que entrou a garantir que o seu Governo está a fazer “uma mudança estrutural no país” que quer continuar, atirando para o PS a responsabilidade de encurtar esse caminho. Garantiu que o “Governo nunca quis nem quer eleições antecipadas” e que se elas “vierem a acontecer, os portugueses perceberão quem se escondeu” com o “fito de provocar eleições”.

Mas do lado do PS Pedro Nuno Santos sacode essa responsabilidade de cima dos seus ombros, e não só tentou afastar-se da imagem de “radical” (ver mais abaixo neste texto), como sugeriu que os “taticismos” têm estado do lado do Governo nesta negociação. Garantiu que está “disponível para viabilizar” o Orçamento, mas sem deixar cair as suas duas condições, e voltou a dizer que há uma alternativa ao PS, que passa pelo Chega.

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Já André Ventura assegurou que “o Chega não pretende eleições, nem o país as quer”. Mas se isso acontecer, para Ventura, há dois responsáveis: Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro. Do seu lado, garante que “desde o dia 10 de março” teve a “preocupação com o consenso” ao desafiar Montenegro para “uma maioria política” que “o primeiro-ministro recusou”: “Preferiu negociar com o PS do que ter um orçamento de transformação”.

Com o debate a avançar, entre os dois players principais nesta altura do campeonato – Montenegro e Pedro Nuno – o clima acabou mesmo por aquecer. Apesar das muitas promessas de que iria ao encontro do PS com a “proposta irrecusável” que vem prometendo nos últimos dias, e fazendo sempre questão de lembrar que genericamente está de acordo com o os socialistas na necessidade de descer impostos,  o primeiro-ministro foi antecipando repetidamente que os indícios para a reunião desta tarde são “maus” e que o PS “já sabe” a decisão que vai tomar.

Para isso, prosseguiu Montenegro, mais valia que os socialistas tivessem alinhado imediatamente com as moções de rejeição ao programa de Governo que a restante esquerda apresentou – o primeiro-ministro chegou, na reta final do debate, a garantir que Pedro Nuno terá dito, de microfone desligado, que foi efetivamente “um erro” não o fazer; o líder do PS não desmentiu, mas frisou que nunca “deu OK” ao programa dos sociais democratas. Mais: o PSD acabou a referir, pelas vozes de Hugo Soares e Luís Montenegro, que se o país for a votos é previsível que os sociais democratas ainda saiam beneficiados com isso.

Ora Pedro Nuno Santos não gostou da pressão e saiu do plenário disparado e a deixar, como diria Montenegro, um mau indício para a reunião: aos jornalistas, acusou o primeiro-ministro de exibir uma “arrogância e sobranceria inaceitáveis”, de ter tido uma postura também “inaceitável” ao longo de todo o debate e de ter falado num tom próprio de quem não quer acordo. O ambiente ficava, a minutos do arranque do encontro entre os dois, ainda mais pesado.





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