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Líbano, a “surpresa de outubro” de Bibi que pode complicar as eleições nos EUA – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 5, 2024

Joe Biden participou numa conferência na passada segunda-feira, onde lhe foi colocada a incontornável questão: o que pensa sobre a ofensiva israelita em território do Líbano, que tinha tido início poucas horas antes? O Presidente norte-americano foi lacónico na resposta. “Estou confortável com a ideia de eles pararem. Devemos ter um cessar-fogo”. Telavive, porém, nem reagiu às palavras do líder dos Estados Unidos. O conhecido analista Ian Bremmer resumiu tudo num simples tweet: colocou as palavras de Biden e acrescentou “Impacto: zero”.

A decisão do governo de Benjamin Netanyahu de avançar para uma ofensiva terrestre no Líbano ilustra bem como o governo norte-americano se sente entre a espada e a parede. Segundo a CNN, Washington não foi sequer informada previamente do assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah. O desconforto dentro da Casa Branca foi notório. Mas, pouco depois, perante a chuva de mísseis disparados do Irão contra Israel, o executivo de Joe Biden voltou a assegurar em público o apoio a Telavive.

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Tudo se complica se tivermos em conta que Biden está de saída, com as eleições presidenciais a um mês de distância. Daí que muitos especialistas especulem que esta invasão do Líbano por parte de Israel pode ser “a surpresa de outubro” que mina a votação nos EUA, em referência a uma velha expressão usada no país sobre acontecimentos imprevisíveis à beira da eleição.

Outros são ainda mais cínicos e até levantam a possibilidade de que o primeiro-ministro israelita terá decidido avançar para o Líbano agora precisamente por isso: “Há uma perceção quase universal de que Netanyahu está desejoso de uma vitória de Trump, assumindo que com ele poderá fazer o que entender”, resumiu Michael Koplow, analista do Fórum de Políticas de Israel, à BBC. Outros consideram que a motivação de Bibi é interna, motivada pela pressão dos partidos de extrema-direita que mantêm a sua coligação governamental de pé.

De uma ou outra forma, contudo, uma coisa é clara: os Estados Unidos têm cada vez menos influência sobre o aliado Israel. Mesmo com as ações do país na região a poderem ter um efeito dominó na própria política norte-americana.

A situação do Líbano deixou a nu a descoordenação entre Washington e Telavive. Na semana passada, os EUA mostravam-se entusiasmados com o decorrer das negociações para um cessar-fogo, não apenas em Gaza, mas também no Líbano. A França envolveu-se no processo e os dois países diziam-se otimistas de que seria possível um cessar-fogo de 21 dias entre Israel e o Hezbollah.

As discussões envolviam o ministro israelita dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, que, segundo o Canal 12 do país, teria chegado a um acordo de princípio. “Obviamente o Presidente dos Estados Unidos não lideraria um processo como este sem o acordo do primeiro-ministro Netanyahu”, confirmava uma fonte que estava envolvida nas negociações ao mesmo canal.





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