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Nico, o génio que até faz o apanha-bolas jogar bem (a crónica do FC Porto-Sp. Braga) – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 6, 2024

O que poderia ter sido um empurrão anímico tornou-se um apagão emocional no espaço de um instante. O golo de Harry Maguire, nos descontos da receção do FC Porto ao Manchester United, invalidou o que esteve perto de ser uma reviravolta épica por parte dos dragões — e deixou marcas numa equipa que vai partir para os compromissos das seleções ainda sem qualquer vitória nas competições europeias.

Poucos dias depois, porém, já era tempo de mudar o chip e recentrar o foco na Primeira Liga. A equipa de Vítor Bruno recebia o Sp. Braga no Dragão, naquele que era claramente o jogo grande da jornada, e já sabia que o Sporting tinha derrotado o Casa Pia em Alvalade. Ou seja, sabia que estava obrigada a ganhar para se manter a três pontos da liderança dos leões, ainda que o adversário não fosse naturalmente o mais acessível.

Ficha de jogo


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FC Porto-Sp. Braga, 2-1

8.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

FC Porto: Diogo Costa, João Mário (Martim Fernandes, 45′), Zé Pedro, Nehuén Pérez, Francisco Moura, Alan Varela, Stephen Eustáquio (Fábio Vieira, 68′), Pepê (Danny Namaso, 80′), Nico González, Galeno (Vasco Sousa, 80′), Samu (Deniz Gül, 90+3′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Tiago Djaló, André Franco, Rodrigo Mora

Treinador: Vítor Bruno

Sp. Braga: Matheus, Víctor Gómez, Niakaté, João Ferreira, Adrián Marín (Yuri Ribeiro, 63′), Vitor Carvalho (Ismaël Gharbi, 81′), Gorby, Roger Fernandes (Rafik Guitane, 88′), Ricardo Horta, Gabri Martínez (Bruma, 63′), Roberto Fernández (Amine El Ouazzani, 81′)

Suplentes não utilizados: Lukáš Horníček, Thiago Helguera, Bright Arrey-Mbi, João Marques

Treinador: Carlos Carvalhal

Golos: Galeno (45+1′, gp), Roger (54′), Pepê (59′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a João Mário (19′), a João Ferreira (44′), a Pepê (47′), a Vitor Carvalho (75′)

“Foi uma noite difícil para mim, mas no dia a seguir, a partir do momento em que pisei o relvado do Olival, já não temos tempo para pensar nisso e nos lamentarmos. Vamos cair numa armadilha se ficarmos a chorar sobre aquilo que aconteceu. Não me vou cansar de correr riscos, porque sei aquilo que tenho no balneário. Aqui há pouco espaço para o erro e eu tenho noção disso. Vamos errar aqui e acolá, eu sou o primeiro a errar e eles também vão errar e eu aceito isso, desde que exista sempre compromisso. Podem esperar um FC Porto altamente competitivo, ambicioso e a querer muito ganhar, com uma vontade louca de ganhar”, explicou o treinador dos dragões na antevisão da partida deste domingo.

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Neste contexto, no Dragão, Vítor Bruno não fazia qualquer alteração ao onze que defrontou o Manchester United e mantinha Stephen Eustáquio, com Fábio Vieira a começar no banco e Pepê e Galeno a manterem-se no apoio mais direto a Samu. Do outro lado, num Sp. Braga que vinha de uma derrota pesada contra o Olympiacos na Liga Europa e onde João Moutinho e Zalazar continuam a ser baixas por lesão, Carlos Carvalhal tinha Gabri Martínez, Ricardo Horta e Roger nas costas de Roberto, enquanto que Bruma e Gharbi eram suplentes. André Horta, por opção, nem aparecia na ficha de jogo.

O jogo começou praticamente com um golo. Nico abriu da esquerda para a direita e encontrou Pepê com um passe longo, com o brasileiro a colocar rapidamente na área e Samu, num movimento que já se torna tradicional, a rematar de primeira e com muita violência para abrir o marcador (3′). Contudo, o VAR chamou João Pinheiro a analisar as imagens, devido a uma falta do avançado espanhol sobre João Ferreira num ponto anterior da jogada, e o golo foi mesmo anulado.

Numa primeira parte com pouca baliza, onde o FC Porto acabou por não fazer qualquer remate enquadrado de bola corrida, o jogo foi muito dividido na zona do meio-campo e teve escassas situações de perigo. Ainda assim, os dragões demonstravam alguma superioridade, com mais bola e sempre mais inseridos no meio-campo contrário, e o Sp. Braga não tinha grande capacidade para separar os setores e explorar o espaço que a equipa de Vítor Bruno deixava nas costas da defesa.

Tanto Nico (20′) como Galeno (22′) tiveram boas ocasiões para abrir o marcador, ambos com remates ao lado, e a grande fonte de perigo do FC Porto estava no lado direito e em Pepê, que ia realizando os melhores minutos da conta pessoal desde o início da temporada. Do lado contrário, grande parte do perigo do Sp. Braga era criado na esquerda, onde João Mário tinha muitas dificuldades para travar Gabri Martínez — que ofereceu um golo feito a Vitor Carvalho, que rematou em esforço na área e viu Diogo Costa fazer uma grande defesa, naquela que foi a primeira verdadeira aproximação dos minhotos à baliza contrária (30′).

O jogo tornou-se ainda mais enfadonho e pesado nos últimos dez minutos da primeira parte, onde sobram um remate por cima de Galeno (35′) e outro de Roger que passou ao lado (39′), mas o golo acabou mesmo por surgir. João Ferreira fez falta sobre Galeno no interior da área dos minhotos, num lance em que o brasileiro ia ficar isolado na cara de Matheus, e o mesmo Galeno converteu a grande penalidade para levar o FC Porto a vencer o Sp. Braga para o intervalo (45+1′).

Vítor Bruno mexeu logo ao intervalo e trocou João Mário, que já tinha cartão amarelo e estava a ter muitas dificuldades com Gabri Martínez, por Martim Fernandes. A segunda parte começou com a mesma lógica e Galeno foi o primeiro a criar perigo, com um remate de fora de área que Matheus encaixou (47′), mas não foi preciso esperar muito para perceber que o Sp. Braga ia subir linhas e procurar disputar o resultado com outros argumentos.

Os minhotos ameaçaram por intermédio de Ricardo Horta, que atirou por cima já na área depois de uma combinação perfeita entre Roger e Víctor Gómez na direita (53′), e acabaram mesmo por empatar no lance seguinte. Na sequência de um cruzamento vindo da esquerda, Nehuen Pérez aliviou para a entrada da grande área e Roger, com um remate de pé esquerdo com muita força, bateu Diogo Costa (54′).

A reação do FC Porto, porém, foi quase imediata. Num lance onde o apanha-bolas foi decisivo, ao facilitar a cobrança de um lançamento de linha lateral de forma muito rápida, Nico e Pepê combinaram e o brasileiro apareceu na área a rematar forte e cruzado para bater Matheus (59′). Carlos Carvalhal mexeu logo depois, lançando Yuri Ribeiro e Bruma para tirar Adrián Marín e Gabri Martínez e renovar por completo o corredor esquerdo do Sp. Braga, e Vítor Bruno respondeu com Fábio Vieira, que rendeu Eustáquio.

Os minhotos subiram as linhas depois do golo de Pepê, encaixando no meio-campo contrário e procurando chegar ao empate principalmente através de cruzamentos que tinham sempre Roberto como referência aérea. Carlos Carvalhal ainda lançou Amine, Gharbi e Guitane, assim como Vítor Bruno apostou em Vasco Sousa, Danny Namaso e Deniz Gül, mas já nada mudou apesar dos últimos minutos de autêntico sufoco que os dragões sofreram recuados na própria grande área.

No fim, o FC Porto venceu o Sp. Braga no Dragão e conseguiu manter os três pontos de distância para a liderança do Sporting antes dos compromissos da seleções, para além de ter dado uma resposta ao empate com o Manchester United na Liga Europa. Nico González não marcou, mas esteve no lance do golo anulado a Samu, voltou a estar no lance do golo decisivo de Pepê e é tão crucial na equipa de Vítor Bruno que, neste momento, até faz com que os apanha-bolas joguem bem.





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