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Um ano depois, Israel cortou “a cabeça da serpente”. A morte de Sinwar pode libertar os reféns e pôr fim à guerra em Gaza? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 17, 2024

Mas, nota o jornalista, um relatório de 2009 da Amnistia Internacional comprovou que muitos palestinianos suspeitos de trabalhar como informadores de Israel em Gaza foram “raptados, torturados, executados e [os seus corpos] largados em áreas remotas ou encontrados na morgue de um dos hospitais de Gaza”. Em Israel, Sinwar acabou por ser condenado a quatro penas de prisão perpétuas.

Aqueles que se cruzaram com ele na prisão traçam um retrato de um homem brutal, mas inteligente. “Descreveu-me muito detalhadamente como matou pessoas”, contou à New Yorker Michael Koubi, antigo agente das secretas israelitas. “Ele usava uma catana para cortar as cabeças deles. Pôs um suspeito de colaborar [com Israel] numa cova e enterrou-o vivo.”

O jornalista Ehud Yaari, que o entrevistou várias vezes na prisão, afirmou à BBC que o considera um “um psicopata”. “Mas dizer que Sinwar ‘é um psicopata e ponto’ é um erro”, acrescentou. Há muito mais camadas naquele operativo do Hamas, disse: “É extremamente astuto, com manha, um tipo que sabe ligar e desligar uma espécie de charme pessoal.” No seu tempo na prisão em Israel, Sinwar aproveitou para absorver tudo sobre o inimigo: aprendeu a falar hebraico, leu livros sobre o sionismo, ouviu discursos dos líderes israelitas.

A maior lição chegou, precisamente, através da sua experiência pessoal. Em 2011, o Hamas e Israel chegaram a um acordo para trocar o soldado Gilad Shalit, que tinha sido feito refém cinco anos antes, por mil prisioneiros palestinianos. Sinwar foi incluído no grupo. “O Hamas percebeu que, historicamente, os israelitas estão dispostos a libertar muitos prisioneiros em troca de um único dos seus”, notava em agosto David Remnick numa entrevista. Quando o caso de Shilat aconteceu, acrescenta, “isso foi um enorme indicador para Sinwar”.

Um indicador tão relevante que ajuda a explicar parte do arrastar das negociações entre o Hamas e Israel ao longo dos últimos meses. “No final do dia, só há duas pessoas na negociação”, resumiu Gershon Baskin, ativista de paz israelita envolvido nas conversações da troca de Shalit pelos mil prisioneiros de 2011. “Um é Yahya Sinwar, do lado do Hamas, o outro é Benjamin Netanyahu, do lado de Israel.”





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