Pelo menos 211 pessoas morreram nas inundações em Espanha, anunciou este sábado o presidente do governo do país. Pedro Sánchez referiu-se ainda à DANA — que tem afetado sobretudo a região de Valência –como o “maior desastre natural da história recente” do país e assegurou que o governo central “vai mobilizar todos os recursos necessários, durante o tempo que for preciso” para ajudar as vítimas e localizar os desaparecidos.
“Nas últimas 48 horas, inspecionámos milhares de garagens, casas, estradas e localizámos 211 vítimas mortais”, disse o líder do governo, acrescentando que as operações vão continuar “até que todos os cidadãos desaparecidos sejam localizados”. Numa declaração a partir da sede do Governo de Espanha, em Madrid, e depois de ter participado num reunião com o líder do governo da Comunidade Valenciana, Sánchez referiu que há ainda dezenas de pessoas que continuam a procurar familiares e amigos desaparecidos, pelo que essa é uma das prioridades neste momento.
O presidente do governo espanhol assegurou que o executivo que lidera “vai mobilizar todos os recursos necessários, durante o tempo que for preciso para ajudar” as populações afetadas pelas inundações provocadas pela DANA. “O Estado está com todos vocês”, assegurou Pedro Sánchez aos jornalistas.
Pedro Sánchez sublinhou que o governo central está a “ajudar as comunidades autónomas em tudo o que lhe foi solicitado” e está a atuar com foco em cinco prioridades, entre as quais a principal: “salvar vidas”. Neste sentido, o presidente do governo espanhol adiantou que o executivo central enviou para a região de Valência, nas últimas 48 horas, mais de sete mil militares, polícias e socorristas para procurar sobreviventes e garantir a segurança das zonas mais afetadas pela DANA.
“Enviámos para Valência mais de 2500 efetivos militares, 1800 polícias nacionais e 2700 membros da Guardia Civil, bem como vários grupos especializados em salvamento e atividades subaquáticos, que tentam resgatar os sobreviventes e restabelecer a normalidade nas ruas”, disse Pedro Sánchez, no Palácio da Moncloa, em Madrid, acrescentando que o dispositivo militar é o “maior jamais mobilizado em tempos de paz”.
Ainda assim, serão enviados, a pedido do líder do governo valenciano, Carlos Mazón, mais cinco mil militares. “Hoje mesmo enviaremos quatro mil militares adicionais. Amanhã, chegam os restantes”, disse o chefe do governo espanhol. Para além disso, o governo central vai enviar para a Comunidade Valenciana mais cinco mil polícias nacionais e membros da Guarda Civil, duplicando o número de agentes das forças de seguranças enviados para a região.
Sánchez reconheceu que a “ajuda é insuficiente e está a demorar a chegar a muitos locais”. “Há garagens e casas bloqueadas e muita gente desamparada”, disse o líder espanhol, ressalvando, no entanto, que acrescentando que o dispositivo militar é o “maior jamais mobilizado em tempos de paz” em Espanha.
O presidente do governo espanhol sublinhou que a “DANA provocou o maior desastre natural da história recente” de Espanha e gerou “as segundas inundações que mais vítimas na Europa causaram neste século”.
Depois de salvar vidas e localizar os desaparecidos, a terceira prioridade é restabelecer os serviços essenciais, de modo a recuperar a normalidade nos municípios afetados, disse Pedro Sánchez. “A DANA causou estragos em estradas, linhas elétricas, linhas férreas, empresas, telecomunicações e outras infraestruturas que não foram desenhadas para suportar os ventos e os níveis de chuva que se registaram na terça-feira”, realçou o chefe do governo espanhol. Até este momento, garantiu, já foi restabelecida a energia elétrica em 94% dos locais afetados e recuperadas as comunicações em cerca de metade das linhas cortadas.
Também estão a ser recuperados viadutos e pontes afetados pela DANA. Já foi restabelecida a ligação de alta velocidade entre Barcelona e Valência e o tráfego rodoviário em várias autoestradas. Quanto à ligação ferroviária de Valência a Madrid, que tem estado suspensa, Sánchez garantiu que já se iniciaram os trabalhos de reparação de túneis.
A quarta prioridade é garantir a segurança nas ruas, sublinhou, depois de terem sido registadas várias situações de pilhagens e detidas dezenas de pessoas. “Infelizmente existem pessoas que se estão a aproveitar da situação para saquear e por isso as forças de segurança estão nas ruas para garantir a ordem e a lei”, afirmou o presidente do governo. Sánchez anunciou ainda que, no conselho de ministro da próxima semana, o governo vai aprovar o estatuto de zona gravemente afetada por emergência de Proteção Civil para os locais mais afetados na comunidade Valenciana, Castilla La Mancha, Aragão, Andaluzia e Aragão.
Pedro Sánchez anunciou também que o governo espanhol requereu a ajuda do Fundo Europeu de Solidariedade e a utilização de outros recursos comunitários, agradecendo as mensagens de solidariedade que Espanha recebeu da União Europeia e dos estados-membros. Segundo Sánchez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, transmitiu-lhe que está empenhada na mobilização dos recursos da União Europeia.