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“Dizem que não vão parar até matarem um polícia.” A segunda noite de violência nas ruas do Bairro do Zambujal – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 23, 2024

Em declarações à imprensa, Manuel Gonçalves, superintendente da PSP, disse não ter informações sobre a entrada com violência na residência da vítima mortal. “Não tenho elementos que permitam confirmar”, disse o responsável, já noite dentro. “Se está arrombada não quer dizer que tenha sido a polícia. Vamos para situação de investigação a posteriori”, acrescentou ainda. “A ter acontecido, não confirmo nem desminto. Neste momento, terá de ter sustentabilidade legal.”

Frente à porta do prédio, e também ao fundo da rua, junto à Avenida Cerrado do Zambujeiro (uma das duas principais avenidas do bairro), juntam-se grupos de adolescentes. Fazem alguns comentários sobre como a Comunicação Social está com “eles”, a polícia, mas é sobre a atuação da PSP que centram os comentários mais duros. Os grupos só se reúnem durante algum tempo. Em poucos minutos, uma nova ronda das equipas do Corpo de Intervenção da PSP lançam-nos numa corrida para o interior dos prédios, até voltarem a sair e a cena repetir-se uma e outra vez.

Em frente ao número 7 vão passando moradores do bairro, amigos da família, vizinhos. Vânia não consegue aceitar a versão do comunicado oficial que a Polícia emitiu logo ao final da manhã desta segunda-feira. Em seis parágrafos, contava-se como, de regresso de uma festa na Amadora, Odair se pôs em fuga quando viu um carro patrulha e entrou pela Cova da Moura adentro, abalroou vários carros estacionados e, já no final, com o carro imobilizado, quando a PSP o tentou finalmente deter, resistiu. Terá sacado de uma faca e tentado agredir os polícias. Acabou baleado e morreu. Os vídeos que circulam mostram o autor dos disparos, sempre tenso, de Glock na mão, enquanto o cunhado de Vânia permanece inanimado no chão à entrada do bairro.

Morte na Cova da Moura. Investigação sugere uso desproporcional e excessivo de força

“O Odair com uma faca? Nunca. O Odair era aquela pessoa que se te visse com uma arma na mão ia dizer-te para mandares isso fora. Nunca andaria com uma faca”, garante a cunhada. E lançar-se num ataque contra a polícia? “Nunca, nunca, nunca”, repete.

Também algumas das versões que circularam nas primeiras horas — por exemplo, a referência a um carro roubado que Odair estaria a conduzir —, foram sendo contestadas pelos vizinhos da família. “Ele era pacífico, uma pessoa querida aqui dentro, toda a gente o conhecia, era trabalhador e só queria cuidar dos filhos”, conta Renato, um dos amigos que passou longas horas em frente à porta da família.





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