Uma história de amor, matemática (e mahjong) assinada pela francesa Anna Novion. Depois de ver a sua tese de doutoramento destruída por outro doutorando, que lhe detetou um erro, a jovem, sobredotada e solitária Marguerite (Ella Rumpf), que pensa, respira e come matemática, decide cortar radicalmente com a sua paixão e com a carreira universitária, e mudar de vida. E além de descobrir que não pode passar sem a matemática (que lhe vai ser muito útil para ganhar dinheiro a jogar mahjong com os chineses do bairro para onde se muda), Marguerite descobre a vida social e afetiva, e acaba por ganhar novo ânimo para enfrentar o complexo problema que estava a tentar resolver na sua tese. A matemática não é lá muito cinematográfica, mas o enredo em que vem embrulhada em O Teorema de Marguerite, faz deste um dos filmes mais conseguidos envolvendo números, equações e teoremas.
Baseado numa trilogia de livros do escritor, antropólogo e realizador Ruy Duarte de Carvalho, esta fita de Sérgio Graciano, rodada em Angola, tem o próprio como protagonista. Ele anda em busca, acompanhado de um velho cozinheiro e assistente negro, dos papéis do título, deixados pelo pai no deserto do Namibe, e que o podem ajudar a desvendar um mistério que envolveu o tal inglês nos anos 20. Escrito por José Eduardo Agualusa, Os Papéis do Inglês tem tempo a mais e ressente-se por vezes de ser um compósito de três narrativas diferentes, mas por ele passa muita da história de Angola pré e pós-colonial num tom bastante mais melancólico do que militante. E as cenas entre Ruy Duarte de Carvalho (João Pedro Vaz), que sempre apoiou o MPLA e nunca saiu do país, e o seu primo “reacionário”, Kaluter (Miguel Borges), que fugiu para a metrópole após a independência e está agora de regresso, estão carregadas de emoção.
Alicia Vikander interpreta Catherine Parr, a sexta e última mulher do rei Henrique VIII (Jude Law), nesta fita histórica realizada em Inglaterra pelo brasileiro Karim Aïnouz, autor de títulos como O Céu de Sueli, A Vida Invisível ou, mais recentemente, Motel Destino. Com o monarca a combater em França, Catherine assumiu as funções de regente, numa altura complicada para o país, marcada por confrontos entre as fações católica e protestante, que se fazem sentir com muita força na corte. Já no final da vida, o rei está gordíssimo, com uma das pernas feridas e tão atingida pela gota, que solta um cheiro insuportável, e o seu temperamento é imprevisível: tanto é gentil para a rainha como a insulta, maltrata e ameaça. O Jogo da Rainha foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.