Esta quarta-feira, o presidente do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Nuno Banza, defendeu “melhores sinergias” entre as diferentes convenções da ONU ligadas ao ambiente, num ano de conferências sobre biodiversidade, clima e desertificação.
Nuno Banza, representando o Estado português, falava na conferência da ONU sobre biodiversidade que decorre em Cali, na Colômbia, a primeira de três convenções da ONU saídas da Cimeira da Terra, no Rio de Janeiro em 1992. No próximo mês realiza-se a cimeira sobre o clima, a COP29, e em dezembro a cimeira sobre desertificação.
A promoção de melhores sinergias entre estas convenções “deve ser também um objetivo ambiental, a fim de evitar a duplicação de esforços na implementação da Agenda 2030, onde o principal objetivo deve ser a prossecução da saúde do nosso planeta e de todos aqueles que nele vivem”, disse o responsável.
Numa intervenção na qual começou manifestando solidariedade para com Espanha, onde morreram mais de 90 pessoas na região de Valência na sequência de chuvas torrenciais, Nuno Banza salientou a riqueza de Portugal em termos de biodiversidade, com mais de 35.000 espécies de animais e plantas, 22% de todas as espécies europeias e 2% das descritas a nível mundial.
Mau tempo em Espanha faz 95 mortes. Uma ponte caiu em Valência, há pilhas de carros em várias estradas e pessoas ficaram presas em telhados e árvores
Portugal, disse, tem participado ativamente na construção das contribuições da União Europeia (UE) para o Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (acordado na anterior cimeira da biodiversidade), estando a rever agora a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade – Estratégias e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade.
Paralelamente, acrescentou, espera-se que o Orçamento do Estado para 2025 “aumente fortemente os fundos públicos atribuídos à conservação da natureza“.
Nuno Banza lembrou ainda que Portugal classificou no início do ano o Parque Natural Marinho da Pedra do Valado, que abrange uma área de cerca de 156,23 quilómetros, e recordou uma expedição científica recente ao Banco de Gorringe, entre os Açores e o Estreito de Gibraltar, que poderá levar a estabelecer “medidas de proteção adequadas”.
A COP16, que termina na sexta-feira, é a primeira reunião mundial sobre biodiversidade após a COP15 do Canadá, há dois anos, na qual foi aprovado o Quadro Global de Biodiversidade.
A COP16 tem como um dos principais objetivos concretizar as promessas feitas então, nomeadamente a forma de preservar 30% do planeta até 2030 e no mesmo período recuperar 30% de habitats degradados.
A cimeira começou no dia 21 e até agora nada de substancial foi aprovado. Além do Presidente da Colômbia apenas estão na cimeira de Cali os presidentes da Arménia, Equador, Guiné-Bissau, Haiti (interino) e Suriname.