Dois dias depois de revelar que o Maps tem mais de dois mil milhões de utilizadores mensais ativos em todo o mundo, a Google anunciou novas funcionalidades que vão chegar à aplicação para a tornar “imersiva, moderna e abrangente” para os utilizadores, principalmente para aqueles que estão nos EUA (onde a maioria das atualizações será disponibilizada primeiro). Em destaque está, uma vez mais e como já começa a ser recorrente, a inteligência artificial (IA).
À boleia dos modelos de inteligência artificial Gemini, a Google diz estar a “transformar” o Maps e informa que será possível, a partir desta semana e para já apenas nos EUA, fazer perguntas à aplicação. Se o utilizador pedir, por exemplo, sugestões de planos para fazer com os amigos numa saída à noite, a app vai dar opções como bares, restaurantes ou espaços com música ao vivo. Após clicar num dos locais recomendados será possível pedir mais informações fazendo questões concretas ao Maps, como o tipo de comida que é servida ou se existem mesas ao ar livre.
Além de imagens, vídeos ou informações específicas sobre os estabelecimentos, como as horas a que abrem e fecham, o Maps vai também passar a apresentar um resumo das críticas que foram deixadas por outros utilizadores. Questionada sobre se os comentários negativos vão ser levados em consideração pela inteligência artificial para construir os sumários, Miriam Daniel, vice-presidente e diretora-geral do Google Maps, diz que pretende que estes apresentem “uma visão equilibrada”. “Vamos analisar quais são os sentimentos positivos predominantes, quais são os sentimentos negativos predominantes e vamos certificar-nos de que apresentamos uma visão equilibrada”, salienta.
Por outro lado, a gigante tecnológica vai começar a disponibilizar a opção de explorar uma rota no Maps antes mesmo de os utilizadores começarem a conduzir. Ou seja, vão conseguir, por exemplo, “ver os principais pontos de referência, atrações, locais cénicos e opções gastronómicas” que vão surgir pelo caminho.
Quando estiverem próximos do destino, os condutores conseguirão ver quais são os parques de estacionamento mais próximos e o Maps vai registar (e lembrá-los mais tarde) onde é que colocam o carro. Depois de estacionarem, a aplicação indica-lhes o caminho a pé até à entrada do local para o qual se dirigem.
Se anteriormente a Google já tinha adicionado a possibilidade de os condutores avisarem para problemas na estrada, como acidentes, agora anuncia que essa ferramenta passa a incorporar também as condições meteorológicas. Desta forma, será possível “ver e relatar perturbações meteorológicas ao longo do percurso, incluindo estradas inundadas, com problemas e de baixa visibilidade”.
Estas três novas funcionalidades vão começar a ser disponibilizadas globalmente esta semana.
Em novembro e em apenas 30 áreas metropolitanas dos EUA, a Google vai estrear uma “navegação melhorada” para mostrar faixas de rodagem, passadeiras e sinais de trânsito com maior clareza no mapa. Miriam Daniel explica que é utilizada “uma combinação de IA e imagens para visualizar todos estes pormenores importantes”. Quanto ao facto de a funcionalidade estar, numa primeira fase, apenas disponível em território norte-americano, a responsável lembra que a “maioria das funcionalidades inovadoras” da tecnológica começa por ser lançada numa só região para “garantir que a elevada qualidade exigida pelos utilizadores é satisfeita”.
A funcionalidade de “visualização imersiva” (immersive view), que está disponível desde o ano passado e que permite ver estádios de futebol, parques ou estradas em 3D e perceber como vai estar a meteorologia e o trânsito no dia e na hora em que os pretende visitar, vai chegar a mais 150 cidades em todo o mundo, incluindo Lisboa, Bruxelas, Frankfurt e Quioto. Além da expansão, vão ser adicionadas “novas categorias” a esta ferramenta, como os campus universitários.
Em conversa com a imprensa, Chris Phillips, vice-presidente e diretor-geral da equipa Geo da Google, adiantou que esta semana serão também adicionados novos detalhes na visualização imersiva para percursos: “Vamos mostrar-lhe aquela curva apertada, uma junção [de vias] de última hora, até mesmo onde estacionar. Este é o futuro do Maps.”
Foram duas as novidades apresentadas pela Google para o Waze. Por um lado, a aplicação passará, no final deste ano, a identificar zonas de escolas para avisar os condutores de “quando devem abrandar e ter mais cuidado”. Por outro, os utilizadores vão passar a poder falar para reportar problemas na estrada ao invés de terem de os adicionar manualmente. Na prática, terão de carregar no triângulo amarelo que aparece no canto inferior direito do ecrã e depois explicar (verbalmente) o que se passa.
Graças aos modelos Gemini, o nosso sistema pode compreender rapidamente o que está a ser dito e adicionar informações em tempo real ao mapa”, afirma Gai Berkovich, diretor-geral do Waze, em conversa com a imprensa.
Se precisar de mais detalhes para perceber o que se está a passar em determinada estrada, o Waze pedir-lhos-á. Esta funcionalidade, que permite falar com a aplicação, será lançada em versão beta e para testes (que serão limitados) esta semana em inglês, mas existem “planos de expansão para mais utilizadores e idiomas nos próximos meses”.
As funcionalidades dos modelos de inteligência artificial Gemini vão também começar a ser testadas no Google Earth para, por exemplo, permitir “aos técnicos de planeamento urbano aceder a insights mais profundos a nível da cidade e reduzir significativamente o tempo gasto na análise de dados, de dias para minutos”. Para explicar como é que a tecnologia será utilizada nesta aplicação, a empresa dá o seguinte exemplo: um técnico de planeamento urbano que pretenda instalar novos carregadores de veículos elétricos numa determinada cidade pode pedir à IA para “mapear os cinco códigos postais com o menor número de carregadores”.
De seguida, o “Google Earth utiliza o raciocínio em várias etapas” para chegar aos dados que lhe são pedidos e gera “uma visualização personalizada útil”. “Pode também ir um pouco mais longe e perguntar se existem hotéis e centros comerciais que não tenham carregadores de veículos elétricos a uma determinada distância”, nota a Google.
Este é um “projeto-piloto” que começará a ser testado em novembro. O objetivo da tecnológica passa por “recolher feedback” antes de lançar a funcionalidade “mais amplamente no próximo ano”, avança Yael Maguire, vice-presidente e diretor-geral do Google Earth.