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Em Valência choveu em poucas horas tanto como num ano. O que acontecia se chovesse assim em Lisboa? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 1, 2024

O fenómeno, que também já chegou a Portugal (há vários distritos a amarelo e o Algarve está a laranja), ainda que muito mais enfraquecido, não é incomum no país. “Já tivemos situações semelhantes cá, mas não com a mesma frequência com que acontece na zona sudeste de Espanha, na costa Mediterrânea, sobretudo no princípio do outono, em que o mar ainda está relativamente quente”, começa por enquadrar Pedro Miranda, professor de meteorologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e perito em eventos climáticos extremos.

O climatologista evoca a memória da tempestade que, na década de 90, “arrasou” a serra de Monchique, provocando graves inundações e deslizamentos de terra que levaram tudo no seu caminho. Em cerca de seis horas, choveram 260 litros por metro quadrado (mm). “Não houve mortes, porque na altura era uma zona rural, sem grande construção. Valência é a terceira cidade de Espanha”, ressalva. Mas há mais exemplos: em 2010, na Madeira, uma tempestade provocou uma enxurrada numa zona de serra que encheu as ribeiras até desaguar no mar junto ao Funchal e provocou 80 mortos.

Pedro Miranda sublinha que a topografia de Valência “ajudou a pôr a tempestade em ação”. “Formou-se no Mediterrâneo, mas só começou a chover quando foi obrigada a ‘subir’ as encostas de Espanha, onde despejou toda a água que tinha”. Em Portugal, com muitas zonas de montanha e muito declive perto da costa, estão também reunidos os ingredientes para favorecer fenómenos deste género.





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