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O mundo sabe que eles continuam lado a lado (a crónica do Sporting-Estrela da Amadora) – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 1, 2024

Era um jogo de futebol, mas era muito mais do que um jogo de futebol. Pela primeira de três vezes, Rúben Amorim orientava o Sporting enquanto o mundo já sabe que vai mesmo rumar ao Manchester United. Horas depois do anúncio oficial do clube inglês, um dia depois de o próprio treinador ter garantido que explicava tudo esta sexta-feira, os leões recebiam o Estrela da Amadora — e a busca pela 10.ª vitória em 10 jornadas parecia ser um dado mais acessório do que primordial.

A ideia de que Rúben Amorim iria mesmo deixar o Sporting começou a formar-se logo na terça-feira, dia em que os leões venceram o Nacional para a Taça da Liga. O treinador atrapalhou-se na conferência de imprensa, não negou a saída e, logo no dia seguinte, o próprio Sporting confirmou que o Manchester United iria pagar a milionária cláusula de rescisão de Amorim. Esta sexta-feira, antes da hora de almoço, surgiu o comunicado oficial.

Ficha de jogo


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Sporting-Estrela da Amadora, 5-1

10.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Bruno Vieira (AF Beja)

Sporting: Franco Israel, Debast (Matheus Reis, 73′), Diomande, Gonçalo Inácio (Jeremiah St. Juste, 45′), Geovany Quenda, Hjulmand (Morita, 68′), Daniel Bragança, Maxi Araújo, Pedro Gonçalves (Marcus Edwards, 73′), Gyökeres, Trincão (Conrad Harder, 80′)

Suplentes não utilizados: Kovacevic, Iván Fresneda, Ricardo Esgaio, João Simões

Treinador: Rúben Amorim

Estrela da Amadora: Bruno Brígido, Danilo Veiga, Ferro, Issiar Dramé (Nani, 52′), Rúben Lima, Leonel Bucca (André Luiz, 45′), Paulo Moreira (Igor Jesus, 45′), Léo Cordeiro, Nilton Varela, Rodrigo Pinho (Kikas, 67′), Jovane Cabral

Suplentes não utilizados: Francisco Meixedo, Till Cissokho, Alan Ruiz, Caio Santana, Manuel Keliano

Treinador: José Faria

Golos: Gyökeres (19′, 31′, 42′, gp e 70′), Rodrigo Pinho (35′), Maxi Araújo (85′)

Ação disciplinar: cartão amarelo para Paulo Moreira (3′), a Leonel Bucca (41′), a Léo Cordeiro (44′), a Ferro (79′)

“Estou a partir o meu coração, principalmente, mas sou eu que decido. Não é comparável o que acontece comigo ou com outros. Sei que é difícil para toda a gente, mas no fim do jogo abordaremos isso. Não me parece que o presidente tenha forçado a minha saída de imediato. Está a defender os direitos do clube e não me meto nisso, nunca o faria. Acho que no fim do jogo vão todos ficar muito esclarecidos. Os adeptos podem gostar ou não, mas estará tudo definido e vão ver que não há paz podre. Somos adultos e as coisas às vezes acontecem. Queremos muito ganhar este jogo, precisamos muito de ganhar. E no fim do jogo iremos abordar esse assunto”, disse o ainda treinador leonino na antevisão da partida desta sexta-feira.

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Em resumo, Rúben Amorim defrontava o Estrela da Amadora já com a certeza de que estava a fazer o antepenúltimo jogo pelo Sporting, já que ainda irá orientar a equipa contra o Manchester City na Liga dos Campeões e também contra o Sp. Braga no Campeonato. O treinador chegou a Alvalade acompanhado por Frederico Varandas, para sublinhar a ideia de que não existe a tal “paz podre”, e foi maioritariamente aplaudido pelas bancadas do estádio quando entrou no relvado — apesar de, nas imediações, ter surgido uma tarja muito visível a indicar que aquela “já não é a casa” de Amorim.

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Neste contexto, Pedro Gonçalves e Diomande voltavam ao onze inicial do Sporting, com Maxi Araújo a surgir na ala esquerda e Geovany Quenda no corredor contrário. Daniel Bragança era titular com Hjulmand no meio-campo, em detrimento de Morita, e Geny Catamo nem sequer surgia na ficha de jogo. Do outro lado, num Estrela da Amadora que estava em zona de despromoção mas vinha de apenas uma derrota em quatro jogos, José Faria tinha Rodrigo Pinho e o ex-Sporting Jovane Cabral no ataque e Nani, que também voltava a Alvalade, começava no banco.

Os dez minutos iniciais de jogo não tiveram ocasiões de perigo, mas mostraram desde logo que o Estrela tinha surgido em Alvalade para disputar o resultado e não apenas para ser o bobo da festa de mais uma vitória leonina. A equipa da Reboleira surpreendia com linhas muito elevadas, que acabavam por deixar muito espaço nas costas da defesa, e tinha em Nilton Varela uma verdadeira dor de cabeça para Quenda na esquerda do ataque.

A primeira situação de golo surgiu ainda dentro do primeiro quarto de hora, com um ressalto após um remate de Daniel Bragança a fazer com que a bola passasse a centímetros do poste de Bruno Brígido (10′). O Estrela reagiu desde logo, num lance em que Gonçalo Inácio evitou um desvio de Bucca que poderia ter sido letal (10′), e o central foi à outra baliza fazer parecido com um cabeceamento à malha lateral (18′). Até que, ainda antes de estarem cumpridos 20 minutos, começou o show Gyökeres.

Numa jogada que parecia perdida, o avançado sueco aproveitou um corte de Ferro e ficou isolado na cara do guarda-redes, atirando em jeito para abrir o marcador (19′). O Estrela ia empatando, com Danilo a falhar escandalosamente de baliza aberta depois de Franco Israel fazer uma grande defesa a um remate de Bucca (26′), mas Gyökeres acabou por bisar depois de ficar novamente isolado face a Bruno Brígido após passe de Trincão (31′). Os tricolores deram seguimento à boa exibição e reduziram a desvantagem, com um cabeceamento de Rodrigo Pinho na sequência de um cruzamento de Danilo (35′), mas a noite já tinha dono.

O árbitro da partida assinalou grande penalidade de Bucca, que intercetou com a mão um cabeceamento de Trincão em cima da linha de golo — e retirou o cartão vermelho para dar amarelo após análise das imagens do VAR, já que começou por expulsar o jogador argentino –, e Gyökeres converteu o penálti para carimbar o hat-trick (42′). Ao intervalo, o Sporting estava a vencer o Estrela da Amadora em Alvalade. 

Rúben Amorim mexeu logo ao intervalo e trocou Gonçalo Inácio por Jeremiah St. Juste, com José Freire a lançar André Luiz e Igor Jesus para os lugares de Bucca e Paulo Moreira — sendo que acabou por ter de fazer a terceira substituição pouco depois, por lesão de Dramé, colocando Nani. O Estrela manteve a dinâmica positiva da primeira parte, demonstrando pouco interesse em recuar para o próprio meio-campo, e Rodrigo Pinho chegou mesmo a bisar para reduzir novamente a desvantagem, mas o golo foi anulado por mão na bola do avançado na receção (57′).

O Sporting tentou claramente acalmar o ritmo a partir da hora de jogo, já que também não interessava manter as características de equipas partidas e transições rápidas que estavam a ser recorrentes na segunda parte, e Rúben Amorim começou a pensar no jogo com o Manchester City ao tirar Hjulmand para lançar Morita. A 20 minutos do fim, o inevitável aconteceu: Trincão soltou Gyökeres em velocidade e o avançado sueco, novamente isolado na cara de Bruno Brígido, atirou para carimbar o primeiro poker da carreira.

Rúben Amorim ainda colocou Matheus Reis, Marcus Edwards e Conrad Harder e Maxi Araújo, na sequência de um passe de brilhante de Daniel Bragança, ainda foi a tempo de se estrear a marcar pelos leões e fechar as contas (85′). O Sporting goleou o Estrela da Amadora em Alvalade no antepenúltimo jogo de Rúben Amorim, somando a décima vitória em dez jornadas, e Gyökeres deixou bem claro que o mundo sabe que esta equipa continua lado a lado.





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