Se tiramos as luzes, o cenário do palco, as roupas, se nada disto é um fator, então sobra o quê? Bom, aquela coisa que hoje em dia parece pouco importante mas é fundamental: a música. No meu Spotify fiz gosto a seis canções de Romance: Starbuster, Here’s the thing, In the modern world, Horseness is the whatness, Death kink e Favourite. Não perco muito tempo a pensar nos gostos – são só canções que me agradam e surpreendem à primeira – o gosto é quase uma reação automática. A curiosidade é que Romance é o disco em que coloquei mais gostos, mais até que Dogrel – como é que um banda que acabou de lançar um disco com tantas canções orelhudas decide abordar um concerto?
A resposta está no alinhamento – tirando Romance a abrir, as cinco canções seguintes são um passeio pela discografia da banda: Jackie down the line (de Skinty Fia), é a segunda, seguida de Televised Mind (de A Hero’s Death), A Lucid Dream (A Hero’s Death), Roman Holiday (Skinty Fia), Big shot (Skinty Fia) e, finalmente, ao sétimo tema, o regresso a Romance com a ótima Death Kink.
Durante este período a frase que mais escrevi nas minhas notas foi “grande riff”, imediatamente seguida de “outro grande riff”, o que nos remete para a génese dos Fontaines DC: quando surgiram, com o magnífico Dogrel, em 2019, eram – como tantas bandas antes, incluindo os Pavement – uma espécie de variação dos The Fall, cujo som sempre assentou em torno de um riff repetitivo e a entrega vocal mais falada / cuspida de Mark E. Smith do que propriamente cantada.