Colgate Drive, n. º32
Bob Dohman, de 75 anos, não tem nenhum cartaz de apoio a um candidato no seu relvado. Mas, no dia 5, não só estará numa assembleia de voto como voluntário para contar os boletins, como depositará convictamente o seu voto em Donald Trump. “Quando ele foi Presidente, a gasolina custava 2 dólares. Agora subiu tudo”, diz.
Colgate Drive, n. º12
O casal jovem que mora no número 12 da Colgate Drive assegura que não “presta muita atenção à política” e não quer falar em público sobre isso. No seu relvado, porém, há um cartaz discreto, azul escuro, que deixa claro o seu sentido de voto: Trump-Vance 2024.
Center Drive, n. º25
Quem passa pelo número 25 da Center Drive não fica com nenhuma dúvida sobre o que pensam os seus habitantes sobre a eleição. Os vários cartazes pró-Trump, incluindo um que diz “Fight, fight, fight” e outro que garante “Ele vai voltar”, são bem visíveis. Quando abre a porta, a dona da casa, Bonnie, aceita sem problemas falar sobre por que apoia o candidato republicano — mas não quer ser identificada com o apelido, nem ser fotografada.
A imigração é a sua maior preocupação: “Isto é como estar num avião: não podemos ajudar os outros enquanto não pusermos a nossa máscara de oxigénio primeiro.” Bonnie lamenta que o tema seja tratado a preto e branco, definindo-se como alguém que “ajuda os outros” e faz caridade; “mas eu e o meu marido trabalhamos no duro”, explica “O governo não pode usar o dinheiro dos nossos impostos para distribuir por todos os outros.”
Center Drive, n. º32
Kathy Mielo vai traduzindo a conversa em língua gestual para o marido, por este ter uma deficiência auditiva. Mas o acenar de cabeça constante de Darren mostra que concorda completamente com Kathy, que assegura: “Vou votar em Trump e não será a primeira vez”. Porquê? “Eu e o meu marido somos cristãos e Trump vai honrar a nossa fé, pelo menos no que diz respeito à posição pró-vida.”
O casal não quer acreditar que haja tentativas de alteração dos boletins de voto, mas não exclui a possibilidade. O melhor, diz a moradora de Center Drive, é rezar e ter fé que “Deus no comando” faça com que tudo corra pelo melhor no dia após a eleição. Quanto às diferentes posições políticas dos vizinhos neste bairro, Kathy Mielo, defensora da “liberdade”, não se diz nada preocupada: “O nosso bairro é um pequeno e bonito retrato da América.”
Colgate Drive, n. º17
Nesta casa mora um eleitor que não se quis identificar — vamos chamar-lhe “Joe” — por razões profissionais. Mas não tem qualquer pudor em assumir o que pensa sobre esta eleição: “Não quero que as minhas filhas tenham de combater nas batalhas que os nossos avós combateram, contra o fascismo, por exemplo”, declara. “Joe” é um eleitor assumidamente democrata, que acredita que o país com Joe Biden “estava a ir na direção certa”. Enquanto que Trump, garante, “quer-nos fazer recuar 50 anos”. Portanto, votará em Kamala Harris.
Center Drive, n. º18
Numa tarde de sábado, enquanto vários dos seus cinco filhos veem desenhos animados na televisão, Jonathan Coldren abre a porta e aceita falar sobre esta eleição. Também sente na pele o peso da inflação e do aumento do custo de vida nos EUA. Mas não culpa os democratas, em quem vota habitualmente, por isso: “No primeiro mandato de Trump, ele não alcançou nada. Não vale a pena tentar novamente.”
Center Drive, n. º27
Christian Truman abre a porta e demora alguns segundos a perceber o que lhe estão a perguntar — afinal, a falta de audição é a única mazela visível para quem está a dois meses de celebrar 100 anos de vida. Teve tempo suficiente para fazer um caminho político longo e complexo: “Cresci republicano, tornei-me independente e agora sou democrata, já há algum tempo”, conta.
Veterano da Batalha das Ardenas, na II Guerra Mundial, diz lamentar o rumo do Partido Republicano sob a alçada de Trump. “Sou um veterano, amo o meu país, sou um patriota”, diz. “Estou preocupado.” Para Kamala, em quem já votou antecipadamente, só deixa elogios: “É uma das promessas mais brilhantes que tivemos nos últimos tempos. Tenho pena que muita gente não veja isso.”
E em relação à vizinhança, como se lida com as diferenças de opinião? O truque, diz Christian, é evitar o tema. “Um dos meus amigos do golfe uma vez levou um chapéu do Trump. Disse-lhe logo: ‘Não falemos de política.’”
Center Drive, n. º31
Quando “Jane” abre a porta, deixa logo claro que não quer ser identificada, nem ter a sua imagem divulgada. Mas opiniões tem muitas e partilha-as: “Sou muito a favor de Kamala Harris. Acredito nos direitos para as mulheres e Trump é perigoso no que diz respeito a isso”, afirma de imediato.
A invasão do Capitólio a 6 de janeiro, diz, mostra que o candidato não está apto para o cargo. “Como americana, aquilo envergonhou-me.” E, no entanto, consegue conviver sem problemas com os vizinhos que apoiam Trump, garante. “Damo-nos muito bem, adoro-os. Respeito o voto deles, seja ele qual for.”