A secretária de Estado da Mobilidade disse, esta terça-feira, que o Sistema Automático de Transporte Urbano de Oeiras (SATUO) e a Linha Intermodal Sustentável (LIOS) são “bons exemplos” de políticas públicas centrais e locais para a mobilidade das áreas metropolitanas.
Cristina Pinto Dias falava no encerramento da 7.ª edição do Portugal Mobi Summit, que decorreu esta terça-feira em Oeiras, no distrito de Lisboa, e onde foram abordados temas de mobilidade urbana e apresentada a estratégia ‘Oeiras Move’, da responsabilidade da empresa municipal de soluções integradas de mobilidade, logística e estacionamento da Parques Tejo.
A responsável salientou vários projetos que estão a ser levados a cabo pelo Governo desde a tomada de posse, há sete meses, no caminho da descarbonização e da mobilidade urbana, frisando o “bom exemplo” dos dois projetos de mobilidade SATUO e LIOS, em termos de “políticas públicas tanto a nível central, como local”.
A secretária de Estado lembrou que para a LIOS “já há financiamento europeu garantido”, enquanto para o SATUO “está a ser trabalhado o financiamento comunitário”.
A LIOS é um projeto de metro ligeiro de superfície que vai ligar zonas entre Alcântara (Lisboa) e Cruz Quebrada (Oeiras), de um lado, e entre Santa Apolónia (Lisboa) e Sacavém, do outro, ligando aqueles concelhos.
Já o SATUO, metro de superfície de Oeiras, esteve em funcionamento entre 2004 e 2015 e percorria pouco mais de um quilómetro ligando a estação ferroviária de Paço de Arcos (linha de Cascais), chamada de Navegantes, e a estação Fórum, no Centro Comercial Oeiras Parque.
O seu prolongamento esteve previsto para norte até à estação ferroviária de Agualva-Cacém (linha de Sintra).
No painel que juntou os presidentes das Câmaras de Oeiras e Aveiro, Isaltino Morais e Ribau Esteves, respetivamente, o vice-presidente da Câmara de Cascais, Nuno Piteira Lopes, e o primeiro-secretário da Comissão Executiva da Área Metropolitana de Lisboa, Carlos Humberto de Carvalho, foi defendido um maior planeamento como o desafio de mobilidade.
Todos os responsáveis avançaram que um dos principais desafios para as Áreas Metropolitanas (AM) é “planear e ter uma visão estratégica” de forma a que os movimentos pendulares em automóvel particular baixem, tendo como exemplo que só na AM de Lisboa (AML) existem diariamente mais de um milhão e meio de movimentos pendulares.
Para Carlos Humberto, na AML “não há só um problema, mas múltiplos”, lembrando a necessidade de solucionar o problema dos interfaces entre os diferentes meios de transporte, nomeadamente a sua falta de articulação.
“É preciso articular melhor em conjunto para construir soluções. Conseguimos muitas coisas com a gratuitidade dos transportes, as novas carreiras, o crescimento constante da procura, mas não se combatem os problemas com decisões só municipais, tem de haver também intervenção do Governo”, sublinhou.
Por seu turno, Isaltino Morais defendeu a importância de reduzir a dependência do automóvel, sublinhando igualmente a necessidade de planeamento porque muitas vezes o crescimento de um determinado território não é acompanhado das suas necessidades a nível de infraestruturas ou transportes.
O autarca de Oeiras lembrou o caso da A5 (autoestrada que liga Lisboa a Cascais) que, quando foi construída, não existia no seu concelho nem o Tagus Park, onde trabalham 14 mil pessoas, nem o Lagoas Park, com cerca de 10 mil, que se deslocam diariamente, não tendo havido mudanças de traçado condizentes com o crescimento do tráfego automóvel.
“Quando a A5 foi construída não havia nada disto. Da portagem de Oeiras só havia carros de manhã para Lisboa e à noite no sentido contrário para Cascais. Agora [o trânsito] é nos dois sentidos todos os dias”, disse, salientando que a A5 é “uma muralha que define norte e sul do concelho e que só dificulta”.
Por seu turno, Nuno Piteira Lopes defendeu que “Cascais não é uma ilha por estar no fim da linha”, explicando que não será tanto a falta de planeamento o problema, mas sim a falta de execução das soluções encontradas.
“Somos especialistas em planear. A A5 foi projetada em 1930, a CP de Cascais fez 135 anos e, se pensarmos 40/50 anos atrás, nas praças de Oeiras, Lisboa e Cascais não se viam carros, mas árvores e pessoas e hoje são parques de estacionamento”, disse.
Nuno Piteira Lopes sublinhou ainda que nos anos 70, 80 e 90 “cultivou-se o uso da viatura própria” e, hoje em dia é preciso chegar aos jovens e inverter a situação, tendo em conta o número “muito, muito baixo” de utilização de transportes públicos pelos jovens que é apenas de 8% no concelho.
À semelhança do autarca de Oeiras, também Nuno Piteira Lopes defende um corredor dedicado ao transporte público (BRT) na A5, uma ideia antiga que já tem a concordância de três municípios — Lisboa, Cascais e Oeiras — mas que ainda não avançou.