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Plenário do PS sobre Orçamento acaba em críticas a Ricardo Leão – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 5, 2024

Ricardo Leão cancelou a reunião de segunda-feira passada do PS Lisboa onde a polémica que provocou estaria no centro das atenções, mas nem por isso o tema deixou de ser tratado pelos socialistas nessa noite. No plenário de militantes de Lisboa que aconteceu nesse mesmo dia e que tinha o Orçamento como tema foram muitos os socialistas que aproveitaram para criticar a posição assumida por Leão — que não esteve presente nesse encontro.

A reunião juntou presidentes de junta do PS em Lisboa, bem como vereadores do partido, no cinema Europa em Campo de Ourique, e foi organizada para que os deputados Davide Amado e Mariana Vieira da Silva, ambos eleitos por Lisboa, apresentassem a argumentação do partido para o debate do Orçamento do Estado. Mas acabou por “surpreender”, de acordo com um socialista, com vários militantes preocupados e a puxarem um assunto delicado para o PS Lisboa neste momento.

Na semana passada, em Loures, o presidente da Câmara socialista, Ricardo Leão, defendeu que os “criminosos” que tenham participado nos tumultos das últimas semanas na grande Lisboa fosse despejados caso fossem titulares de contratos de arrendamento municipal. “Sem dó nem piedade”, determinou. Este fim de semana desconvocou uma reunião que tinha marcado para esta segunda-feira, com os presidentes de câmara do PS da área urbana de Lisboa, os presidentes de concelhias e também o secretariado da federação da área urbana de Lisboa. Seria a primeira reunião depois da eleição como presidente da federação, mas também a primeira depois da polémica que provocou.

Essa reunião não aconteceu, mas no plenário do PS que já estava marcado para esta segunda-feira, de acordo com vários relatos ouvidos pelo Observador, mais de uma dezena de militantes tocaram no episódio sobretudo para criticar as palavras utilizadas pelo autarca. “Foram sobretudo críticas ao tom” usado, refere uma fonte ao Observador. “Ninguém concordou com a posição” de Leão, assegura um socialista que esteve na reunião e que revela que um par de militantes de base pediram mesmo a demissão do líder do PS Lisboa. Mas o líder do partido, nesse mesmo dia logo de manhã, tinha afastado esse cenário e a posição foi secundada pela maioria dos socialistas que intervieram na reunião da noite, revela outra fonte ao Observador.

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Na segunda-feira, durante uma visita ao bairro do Zambujal, Pedro Nuno Santos tinha segurado Ricardo Leão, reconhecendo que “obviamente que este não foi um bom momento da Câmara Municipal de Loures”, mas ao mesmo tempo acrescentando: “Todos temos melhores e piores momentos mas isso não nos define, mas sim o trabalho ao longo do tempo e o trabalho do PS e do presidente da Câmara de Loures tem sido muito importante”. “É essa intervenção que o define”, sublinhou sobre o homem que há 2021 permitiu que o PS roubasse Loures à CDU.

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Nessa declaração, o líder do PS deixou, no entanto, dois avisos. O primeiro foi que “todos os eleitos do PS estão obrigados e comprometidos com o cumprimento da lei, da Constituição, com os objetivos da reinserção social e os princípios do humanismo, do respeito pelos outros e pela empatia”. O segundo foi que o PS “em nenhum lado deve viabilizar moções do Chega”. Ora, na base das polémicas declarações de Leão estava precisamente o voto favorável do PS e do PSD a uma recomendação do Chega, na Câmara de loures, que defendia o despejo desses mesmo inquilinos.

Os dois deputados do PS que estavam na reunião do PS Lisboa para falar do Orçamento, acabaram a seguir a linha do líder do partido no caso Leão. E na assistência houve ainda militantes que aproveitaram o tema para sublinharem a a necessidade de o PS se manter afastado de votos ao lado do Chega.

O assunto é dado como encerrado na direção do partido onde se aponta agora sobretudo para o trabalho social que a autarquia dirigida por Leão tem feito ao longo dos últimos anos. Quando a polémica rebentou, o autarca com quem Pedro Nuno admitiu ter falado várias vezes nos últimos dias ainda clarificou a sua posição através de uma nota. “As declarações tornadas públicas pela minha intervenção na reunião da Câmara Municipal de Loures eram referentes, única e exclusivamente, a casos transitados em julgado. Nunca o município se deve sobrepor ou substituir ao poder judicial. Nem nunca o fará”, afirmava. Mas no partido ainda há quem espere uma posição mais “afirmativa” por parte do autarca socialista.

Já em matéria de Orçamento, uma das principais preocupações manifestada pelos socialistas presentes no plenário desta segunda-feira foi, segundo apurou o Observador, com a taxa de IVA reduzida para a reabilitação. Existem queixas de que isso esteja a beneficiar actividades como o alojamento local em vez de estarem a permitir reabilitar casas para levar famílias para a cidade. Houve socialistas que defenderam que essa redução possa ser generalizada e também para obras dentro de frações.

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