A federação dos dadores de sangue alertou para a crescente falta de profissionais no Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), que só este ano abriu 79 vagas.
Em declarações à Lusa a propósito do alerta para os baixos níveis das reservas de sangue, o presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES), Alberto Mota, manifestou preocupação com a falta de profissionais que existe no IPST, ressaltando que não é um assunto novo, mas que se tem vindo a agravar.
Contactada pela Lusa, a presidente do instituto, Maria Antónia Escoval, disse que a situação “está já em vias de resolução”.
Segundo os dados disponibilizados pelo IPST sobre os procedimentos concursais abertos, o instituto abriu, desde julho deste ano, 79 vagas para assistentes técnicos, assistentes operacionais, informáticos e técnicos superiores de saúde.
De acordo com os mesmos dados, nos últimos seis anos só tinham aberto três vagas: em 2023, 2020 e 2019 não houve qualquer concurso e nos anos em que existiu concurso, 2022, 2021 e 2018, apenas foi aberta uma vaga por ano.
Quando questionada sobre o motivo da abertura de tantas vagas em 2024, a presidente do IPST afirmou que “os procedimentos concursais para candidatos sem vínculo de emprego público carecem de autorização prévia das finanças e da tutela”.
O presidente da FEPODABES disse à Lusa que “os próprios profissionais que estão a fazer as recolhas estão a ficar cansados de fazerem sistematicamente as recolhas sem descanso“.
Maria Antónia Escoval esclareceu que a abertura dos procedimentos concursais resultou da necessidade de “ocupar o mapa de pessoal do IPST” e que o instituto está a empenhar-se para aumentar a capacidade de colheita.
A presidente do IPST sublinhou que o planeamento para as colheitas realizadas em 2024 foi realizado tendo em atenção os profissionais que o IPST já tinha à data.
Apesar de reconhecer que o número de trabalhadores do IPST é “um problema real”, afirmou que as sessões que foram adiadas resultaram de condicionalismos de doenças súbitas de profissionais e não do número de profissionais do IPST.
Por outro lado, o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Público (SINTAP), José Joaquim Abraão, afirmou à Lusa que “quando há falta de pessoal, naturalmente o serviço anda mais devagar e em muitos casos o serviço fica por fazer”.
José Abraão afirmou que a administração pública é caracterizada por uma “idade avançada de forma significativa” e que, apesar de algum rejuvenescimento do setor, assiste-se à “perda de pessoas para a aposentação e para outras atividades”.
O presidente da FEPODABES, Alberto Mota, disse ainda à Lusa que outra preocupação passa pela “falta de informação que o Instituto Português de Sangue teve ao longo deste ano, ou ao longo dos últimos tempos, para com o movimento associativo, que é quem lhe garante mais de 70% das recolhas de sangue”.
Alberto Mota acusou o Instituto Português de Sangue de não praticar uma promoção ativa da sensibilização à doação de sangue, destacando que “a pouca promoção que existe é das associações”.
Quando confrontada com estas acusações, a presidente do instituto explicou que o IPST tem um departamento de promoção da dádiva de sangue que “divulga diariamente” os locais de recolha e destacou que o instituto tem várias parcerias com outras instituições do Ministério da Saúde que realizam campanhas e que detém várias outras iniciativas como ‘outdoors’, campanhas na comunicação social e uma progressiva aposta nas redes sociais.